Antenor, o maringaísta
A. A. de Assis
Segunda eleição municipal em Maringá, 1956. Residente havia menos de dois anos na cidade, eu procurava, entre os candidatos a vereador, alguém a quem dar meu voto. Escolhi Antenor Sanches. Conhecia-o pouco ainda, porém ouvira um discurso dele e sentira que ali estava um homem intrinsecamente apaixonado por Maringá.
Foi uma das escolhas mais acertadas que fiz até hoje. Vereador por mais de 30 anos, servidor público realmente servidor do público, Antenor foi também jornalista, radialista, apresentador de televisão, presidente da Associação dos Pioneiros de Maringá, integrante da Academia de Letras de Maringá, sobretudo um coração extremamente generoso.
Acompanhei sua trajetória ao longo de mais de meio século. E como era bom ser amigo dele. Um homem puro, honesto em tudo o que falava e em tudo o que fazia, com aquele seu sorriso quase tímido, aquele olhar sereno, aquela voz compassada e mansa, aquele delicioso sotaque trazido do meio-oeste catarinense.
Tudo o que a gente quisesse saber sobre a história desta cidade, ele sabia. Viu Maringá nascer, viu Maringá crescer. Viveu contando essa fascinante história até o final da vida – na mídia e em cada livro que escreveu. Em sua derradeira obra – “Maringá, uma história de progresso” – ele fez um resumo de suas preciosas memórias, deixando para todos nós, e especialmente para as nossas futuras gerações, relatos que por todo o sempre servirão como fonte de consulta e motivo de imenso orgulho.
Usava com frequência o substantivo “maringaísmo”, como sinônimo de “amor a Maringá”, uma espécie de patriotismo municipal. Ele, Túlio Vargas e eu, durante muito tempo fomos useiros dessa palavra, eu ainda hoje, mas não me lembro quem a inventou e usou primeiro. Disto, porém, estou certo: ninguém foi mais maringaísta do que o Antenor.
Na prefeitura, como um dos primeiros funcionários do município, ele foi oficial de gabinete e inspetor de ensino na gestão Américo Dias Ferraz; secretário do prefeito no primeiro governo João Paulino; chefe de relações públicas nas administrações Luiz de Carvalho e Adriano Valente; chefe do serviço de promoção humana na gestão Sílvio Barros (pai); novamente assessor de relações públicas no segundo governo João Paulino. E mais: foi ele quem oficializou o apelido de Maringá como “Cidade Canção”.
Como desportista, foi presidente do SERM (o famoso time pioneiro do Maringá Velho) e também do Esporte Clube Operário, na época em que foi cercado o estádio da Vila.
Foi também um dos homens mais prestativos da cidade, mesmo depois de aposentado. Era raro encontrar alguém a quem ele não havia feito algum tipo de favor, geralmente servindo como uma espécie de despachante, sem nada cobrar de ninguém.
Deixou na gente uma enorme saudade no dia 15-6-2016, aos 89 anos. Um grande abraço, Antenor. E muito obrigado pelos belos exemplos de maringaísmo que você nos deu.
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