sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

EDUCAR PARA A ETERNIDADE

 EDUCAR PARA A ETERNIDADE

A. A. de Assis

 

Aprendi que o ser humano é um composto de corpo (mortal, finito) e alma (imortal, infinita). Daí a dedução de que temos dupla responsabilidade: cuidar bem da saúde do corpo e cuidar melhor ainda da saúde da alma. Do corpo porque precisamos dele para os nossos movimentos e ações na terra; da alma por ser ela o nosso “eu” eterno.

     Quanto à importância dos cuidados físicos, as pessoas já se mostram razoavelmente esclarecidas – sabemos que, para manter sadio o corpo, temos necessidades várias: água, ar, comida, higiene, ginástica, vacinas, vitaminas, férias periódicas, afagos etc. O que falta mesmo é levar mais a sério a necessidade de educar melhor a alma, de modo que, num contínuo processo de aperfeiçoamento ético, intelectual e espiritual, possa ela chegar maximamente sadia ao decisivo momento da transição para a eternidade.

     Como creio na infinita generosidade de Deus, acho difícil entender a possibilidade de algumas almas se deteriorarem a ponto de serem dadas como irremediavelmente perdidas. Prefiro então pensar que, ao final da peregrinação terrena, ocorrerá o seguinte: 1. as almas plenamente saradas, puras, santas, serão acolhidas de imediato no céu das bem-aventuranças; 2. as almas ainda não suficientemente prontas para o ingresso definitivo no estado de felicidade plena precisarão cumprir um estágio intermediário de purificação, durante o qual terão a oportunidade de progredir até alcançar o grau de excelência. Por intuição, acredito que, quanto mais próxima a alma estiver da perfeição, mais breve será o tempo necessário para completar a cura.

   Comunhão amorosa com Deus e com os irmãos e irmãs; espiritualidade serena e lúcida (oração, meditação, boas leituras, celebrações); fé, esperança, caridade; bondade, paciência, modéstia, bom humor; prestação de serviços sociais voluntários; amor à verdade e à justiça; cultivo das artes (música, poesia, pintura etc.); aprendizado científico; relacionamento familiar solidário e cordial; dignidade no exercício da profissão; ausência de preconceitos; máximo zelo na preservação dos bens da natureza; consciência cívica e democrática. Tudo isso faz parte da formação de pessoas melhores para um mundo melhor – cidadãos e cidadãs de altíssimo nível, preparados para começar a receber ainda aqui na terra as bênçãos da infinita paz.

     Tais reflexões são fundamentalmente importantes, tanto na definição do projeto pessoal de cada um, como na escolha do modelo de educação que os pais decidam desenvolver em sua família. Se pensam apenas em preparar os filhos para o sucesso financeiro e a fruição dos prazeres do mundo, basta ajudá-los a cuidar bem da saúde física e a capacitar-se para uma profissão rendosa. Se, todavia, pretendem ajudá-los a chegar ao final da etapa terrena em condição de em seguida desfrutar espiritualmente as alegrias do céu, o grande projeto será educá-los para a eternidade, ajudando-os a preservar maximamente sadia a alma. 

     Feliz Natal

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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 23-12-2021)

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