sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

FELICIDADE SEM CAMISA

 FELICIDADE SEM CAMISA

A. A. de Assis

Coisa bonita é o povo curtindo férias na praia. Um lugar superdemocrático, aberto a todos os padrões. Um homem de calção e sem camisa, uma mulher de maiô ou de biquíni, você não sabe se é alguém que tem mais ou menos dinheiro, se tem mais ou menos cultura, se é mais ou menos importante lá no onde mora. E mais: a maioria nem tá aí para esses grilos de elegância e estética. Todo mundo igual. Todo mundo gente.  Gente feliz, que trabalha o ano inteiro e agora está ali celebrando a vida.   

     Janeiro em Balneário Camboriú. O sol do sul. Paranaenses, catarinenses, gaúchos. Mais banhistas à beça vindos de outros estados. Mais los hermanos argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos, chilenos. Uns chegados de automóvel, outros de ônibus, de moto ou de avião, outros em grupos de excursão.

     Todo mundo numa boa. Logo cedinho arrumando a tralha pra espetar barraca na areia e salgar o corpo no mar. O isopor com as bebidinhas, a cesta cheirosa recheada de come-comes. As crianças se deliciando com o churro, o sorvete, o milho verde.

     No meio dos de férias, também homens e mulheres aproveitando a temporada pra ganhar um dinheirinho vendendo roupas, chapéus, cerveja, algodão doce, cocada, pipoca, ou alugando cadeiras. Um velhinho oferecendo bilhetes de loteria. Duas moças cantando o antigo pregão: “Salada de frutas, sanduíche natural...”

     Mas a praia não é somente a praia: é um monte de outras alegrias. Se o dia acorda chuvinhoso, o pessoal aproveita pra passear no comércio. Esvazia a Avenida Atlântica, enche a Avenida Brasil – um comprido shopping a céu aberto, aquela enorme fileira de lojinhas com o de tudo que a moçada gosta. De noite tem os barzinhos, os restaurantes, as baladas, tem a noite toda pra paquerar, comer, dançar.

     Tem também a opção de dar umas esticadas pela vizinhança: Itajaí, Itapema, Bombinhas, Cabeçudas, Beto Carrero, Brusque, Nova Trento, Pomerode...

     Gente boa, gente muito gente.

     Que estuda, trabalha, produz. Gente do batente, que passa a vida ajudando a tornar o mundo melhor.

     Gente abençoada, que realmente merece esses belos dias de recreio na praia, com a família e os amigos. Gente de Deus.

     Coisa bonita mesmo. O mundo deveria ser mais assim, todo assim, sempre assim, pra todo mundo.

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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 13-1-2022)

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