CO-LABORADORES
A. A. de Assis
De uns tempos para cá os empresários vêm aos poucos mudando a forma de tratar seus auxiliares, antes chamados “empregados”. Estão aprendendo a chamá-los “colaboradores”. Ouvi de um industrial a explicação: “Se eles e eu trabalhamos juntos, somos co-laboradores”.
“Laborar” é o mesmo que “trabalhar”. Logo, “colaborar” significa “trabalhar com alguém”. Aqueles que trabalham juntos são “co-laboradores”. Cada qual na sua função, uns realizando serviços mais sofisticados, outros lidando com que-fazeres mais simples, porém todos participando de uma tarefa geral.
Essa maneira de ver as coisas vem contribuindo para um melhor relacionamento nas empresas. Há menos conflitos, porque todos começam a se sentir parceiros: sentem-se co-laboradores. O proprietário se conscientiza de que nada pode fazer sem a ajuda daqueles que trabalham a seu lado. Ele é também um trabalhador e cumpre sua parte: providencia o capital, assina papéis, coordena (co-ordena) a administração, lidera a equipe. Mas os resultados finais não são obtidos por ele sozinho: dependem de todos.
Aquela ideia antiga de “dono” (dominus = senhor) também tende a ser reinterpretada, no sentido de que o proprietário das coisas não se julgue proprietário das pessoas que com ele trabalham. O “amo” ou “senhor” está completamente fora de moda.
O industrial a que me referi chegou a essa conclusão de modo muito simples. Num domingo, teve necessidade de ir ao escritório apanhar um documento. Não sabia onde estava. Precisou pegar o carro e ir a um bairro distante buscar o responsável pelo arquivo. Percebeu então que não adiantava ele ser dono da fábrica se não podia operá-la sem a ajuda de outras pessoas, ou seja, sem a ajuda dos co-laboradores.
Naquele domingo o industrial tomou a grande decisão: instituir em sua empresa um novo sistema – a co-gestão.
“Ora – disse ele –, se nada posso realizar sem a colaboração de parceiros, é natural que os convoque também para planejar o trabalho da empresa. Eles e eu somos co-gerentes: criamos juntos os projetos e juntos os colocamos em prática. Somos todos co-responsáveis. Por isso procuro recompensá-los dando-lhes também participação justa nos lucros”.
Ou seja: o proprietário, colega de trabalho, co-laborador, aprendeu a valorizar todos os que concorrem para o sucesso da firma. Só isso. E deu certo.
Feliz ano novo.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 30-12-2021)
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