VIDA


  


a. a. de assis








V I D A










Maringá
2011









Apresentação

De batismo, Antonio Augusto de Assis. Para os amigos, A. A. de Assis, ou simplesmente Assis. Para os de casa e os amigos de infância, Guto ou Gutinho.
Nasci nas montanhas da Bela Joana, em São Fidélis, estado do Rio de Janeiro, no dia 7 de abril de 1933.
Filho de Pedro Gomes de Assis e Maria Ângela Guimarães de Assis.
Irmão de Francisco, Gominho, Zizinha, Nenenzinha, Francisco II (Chico), Luiz, Monclar, Pedrinho, Leonor, José, Maria do Carmo, Maria da Glória, Gomes e Paulo.
Casado com Lucilla Maria Simas de Assis.
Temos duas filhas: Maria Ângela, casada com Marcos Antonio Miguel; e Maria Paula, casada com Daniel Horácio Bemon.
E cinco netos: Luís Filipe, Maria Isabel, João Marcos, Davi José e Ana Clara Maria.
Morei algum tempo em Campos dos Goytacazes, Nova Friburgo, Bauru, e moro há muito tempo em Maringá.
Trabalhei inicialmente no comércio, depois por muitos anos em jornais e revistas e por outro tanto em escolas. Aposentei-me em 1997 como professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá.
Hoje brinco de poeta, ao lado dos meus irmãos e irmãs da Academia de Letras de Maringá e da União Brasileira de Trovadores.







As raízes
     Em 1939, um primo nosso, Arthur Vieira de Resende Silva, reuniu em seu livro Genealogia mineira¹ os resultados de uma pesquisa por ele desenvolvida durante vários anos nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Tal obra tornou-se a principal fonte de informação sobre uma grande árvore que tem como especial destaque entre os seus frutos o herói nacional Joaquim José da Silva Xavier.
     As raízes da família estão no arcebispado de Braga, Portugal, de onde veio Domingos da Silva dos Santos, como registra Resende Silva (p. 7-8). Chegando ao Brasil, Domingos estabeleceu-se no sítio do Pombal, entre as vilas de São João e São José del Rei, em Minas Gerais. Em 1738, casou-se na matriz de São José com Antônia da Encarnação Xavier, natural da mesma vila. O casal teve sete filhos, que o autor (p. 39) relaciona nesta ordem: Domingos (padre) Maria, Antônio (padre), Joaquim (o Tiradentes), José, Eufrásia e Antônia.
     A partir de São José (a atual cidade de Tiradentes) e de São João del Rei, os descendentes de Domingos da Silva Santos expandiram-se por toda a zona de mineração: Sabará, Curral del Rei (hoje Belo Horizonte), Vila Rica (hoje Ouro Preto), Mariana, dedicando-se em geral à agricultura, à pecuária e ao comércio. Mais tarde alguns ramos da família estenderam-se a outras regiões, formando novos núcleos em várias cidades, entre as quais, no estado de Minas Gerais, Juiz de Fora, Cataguases, Muriaé. Carangola, Belo Horizonte; no estado de São Paulo, Taubaté, Queluz, Bauru, Avaí, Marília, Lins, Araçatuba, Santos, São Paulo (capital); no estado do Rio, São Fidélis, Cambuci, Campos, Itaperuna, Macaé, Resende, Niterói, Rio de Janeiro (capital).
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1.      Resende Silva, Arthur Vieira de. Genealogia mineira. Rio de Janeiro: Oficina Gráfica Sfreddo & Gravina Ltda., 1939.

Os Assis
Segundo Resende Silva (p. 300), Maria Augusta da Silva, filha de Eufrásia Maria da Assumpção (irmã do Tiradentes) casou-se em 1789, em Lagoa Dourada, Minas Gerais, com o tenente-coronel Manuel Rodrigues Chaves. Desse casamento nasceram quatro filhos: Maria Augusta de Assis, Pedro Augusto de Assis, Francisca Augusta de Assis e Gomes Augusto de Assis. E é nesse momento que entram os Assis na Geneologia mineira.
     Falta esclarecer por que os quatro filhos de Maria Augusta e Manoel receberam o sobrenome Assis, já que o pai era Chaves e a mãe era Silva. Uma das hipóteses é que tenha sido promessa a São Francisco de Assis.

São Fidélis
    Gomes Augusto de Assis, filho caçula de Manuel Rodrigues Chaves e de Maria Augusta da Silva, foi o introdutor dos Assis na história do município de São Fidélis-RJ, tornando-se o patriarca desse novo núcleo da numerosa família iniciada entre São José e São João del Rei.
     Casado com Maria Arcanjo de Jesus Gomes de Assis (Dindinha Gomes), o velho Gomes Augusto deixou a seguinte geração: Augusto Gomes de Assis, casado com Clementina Maia de Assis; Maria Carolina Gomes de Assis Maia (Nhanhá), casada com Ricardo Fernandes Maia; Antônia Gomes de Assis Fernandes (Sá Tônia), casada com José Francisco Fernandes; Wandelina Augusta de Assis Berriel (Sinhá), casada com Antônio José Ferreira Berriel; Benedicta Gomes de Assis Maia (Bibi), casada com Dyonísio Fernandes Maia; Pedro Gomes de Assis (meu pai), casado em primeiras núpcias com Leonor Falquer de Assis e, em segundas núpcias, com minha mãe, Maria Ângela Guimarães de Assis (Angelita); Julieta Gomes de Assis Oliveira, casada com Trajano Collatino de Oliveira; Joaquim Gomes de Assis (Quinzinho).
     Gomes Augusto de Assis trabalhava no comércio de animais. Trazia tropas de burros e cavalos da Bahia e revendia aos mineradores, principalmente em São João del Rei e Vila Rica, para o transporte de cargas.
     Por volta de 1860/70, esgotado o ciclo do ouro e tendo a economia nacional passado a concentrar-se na cana-de-açúcar e no café, Gomes Augusto decidiu buscar clientela nova em outras paragens. Segundo contam antigas crônicas da família, nessa época ele ouviu falar de uma cidade chamada São Fidélis, que fervilhava à beira do rio Paraíba do Sul como animado entreposto. Botou uma tropa na estrada e tocou para lá.
     Saindo de São João del Rei, tomou o rumo de Barbacena e dali prosseguiu acompanhando o curso do rio Pomba. Atravessou a divisa do estado do Rio de Janeiro e chegou a Santo Antônio de Pádua, alcançando logo abaixo as margens do rio Paraíba do Sul. Passou pela Aldeia da Pedra (hoje Itaocara), e finalmente entrou em São Fidélis. Assim que chegou à área dos armazéns, na rua do porto, de imediato um grupo de fazendeiros rodeou a tropa. Em poucos instantes os animais estavam todos vendidos.
     Gomes Augusto não titubeou: com o dinheiro recebido, comprou uma casa em São Fidélis e voltou a Minas para buscar de mudança a família. Continuou no comércio de animais, porém daí por diante trazendo as tropas diretamente da Bahia para a nova sede dos seus negócios.
     São Fidélis, então com cerca de 5 mil habitantes, vivia um período de grande prosperidade. Estrategicamente posicionada no final da planície e ao pé da serra (meia légua abaixo da cachoeira após a qual o rio Paraíba era navegável até a foz no oceano Atlântico), a cidade recebia os benefícios das duas principais culturas da época: na planície, rio abaixo, extensos canaviais; serra acima, os cafezais esparramando esperança. Transportado no lombo de burro até o porto fluvial de São Fidélis, o produto das duas lavouras era ali embarcado em pequenos navios (vapores), com destino a Campos dos Goytacazes e ao porto de São João da Barra.
     A história da cidade começara quase um século antes, no dia 27 de setembro de l781, quando ali desembarcaram, no lugar chamado Gamboa, 8 léguas acima da vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, os missionários capuchinhos frei Ângelo de Lucca e frei Vitório de Cambiasca. Os religiosos, que tinham por objetivo fundar uma aldeia para evangelização dos nativos da região, entraram logo em contato com alguns grupos de índios guarulhos, coroados e puris, todos eles descendentes dos goitacases.
     Com ajuda dos índios, foi escolhido o local onde seria erguido o povoado, começando pela construção de uma capela provisória, dedicada a São Fidélis de Sigmaringa, protomártir da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e da Congregaçãp da Propagação da Fé. São Fidélis ficou sendo o nome do lugar, do qual se tornou padroeiro. E na festa de São Fidélis de 1782 (24 de abril) foi celebrada a primeira missa na capela.
     A aldeia cresceu rapidamente, impulsionada pela boa qualidade das terras em seu redor e pela chegada de muitas famílias pioneiras. No dia 6 de setembro de 1799, foi lançada a pedra fundamental da igreja definitiva. A obra, dirigida pelos próprios capuchinhos (que eram excelentes arquitetos), durou 11 anos, com ajuda dos nativos, dos moradores da aldeia e de escravos postos à disposição por alguns fazendeiros.
     A inauguração e a bênção da monumental igreja, construída com traços gregos e em forma de cruz, ocorreram no dia 23 de abril de 1909, véspera da festa do padroeiro.
     No dia 10 de março de 1812, a aldeia de São Fidélis foi elevada à categoria de curato. No dia 2 de abril de 1840, tornou-se freguesia (paróquia). No dia 19 de abril de 1850, três anos após receber pela primeira vez a visita do imperador Dom Pedro II, São Fidélis ganhou o status de vila, e a 5 de dezembro de 1870 se tornou cidade.
     Foi nesse contexto que os Assis de São Fidélis, descendentes do velho tropeiro Gomes Augusto, construíram também a sua história. Alguns estabeleceram-se na área urbana, em atividades diversas; outros na zona rural, dedicando-se principalmente à cultura do café e à pecuária. Gomes Augusto, seus filhos e filhas, genros e noras, netos e netas deixaram as marcas do seu suor em várias fazendas, entre as quais Rio Preto, Quebra-Prato, Samambaia, Farol, Paó, Santa Rosa, Monte Alegre e Bela Joana, na região montanhosa do município.

Bauru
     O núcleo São Fidélis expandiu-se por outras cidades do estado do Rio. Um grupo foi, porém, mais longe, estabelecendo-se no noroeste do estado de São Paulo. Quem puxou a fila foi Gomes Berriel (Gominho), casado com sua/nossa prima Olga Gomes de Assis. Gominho levou consigo seus irmãos Sylvio, Mário, Flodoardo e Jacy, os quais se fixaram em Bauru e em cidades vizinhas: Avaí, Marília, Cafelândia, Lins, Araçatuba. Levou também o primo e cunhado Nuno Gomes de Assis, que era médico e foi por duas vezes prefeito de Bauru.
     Gominho levou em seguida seu primo Luís (meu irmão), que por sua vez levou outros irmãos: Pedrinho, José e Monclar. O último a trocar São Fidélis por Bauru fui eu, que lá residi de junho de 1953 a janeiro de 1955, quando mudei para Maringá.

Os suíços
     Se, pelo lado paterno (os Assis), nossa família tem raízes em Portugal, pela linha materna (os Falquer) as raízes vêm da Suíça.
     Que caminhos trilharam nossos antepassados?... Fui buscar respostas em várias fontes, em duas principalmente: 1. na memória dos parentes mais idosos, que na juventude ouviram muitas histórias contadas por seus pais e avós; 2. no livro A gênese de Nova Friburgo – emigração e colonização suíça no Brasil (1817-1827)², precioso documento produzido pelo professor suíço Martin Nicoulin, que o apresentou à Universidade de Fribourg como tese de doutorado. A obra de Nicoulin foi publicada no Brasil, em 1995, pela Fundação Biblioteca Nacional, em parceria com a Prefeitura  Municipal de Nova Friburgo, com tradução de Estela dos Santos Abreu e Cláudio César Santoro.
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2. Nicoulin, Martin. A gênese de Nova Friburgo – emigração e colonização suíça no Brasil (1817-1827). Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1995.


A imigração
     Em 1819, havia na Suíça mais gente do que terra, enquanto no Brasil havia bastante mais terra do que gente. Lá, o drama de uma grave crise provocada por dificuldades na agricultura, na indústria e no comércio. Aqui, a euforia de um mundo novo, havido e tido como fantástico eldorado.
O nome do país, na época, era Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, com sede no Rio de Janeiro, de onde reinava, desde 1808, com toda a sua corte, Dom João VI. Em 1817, iniciou-se longa negociação diplomática visando à criação de uma colônia suíça no Brasil.
     Acertadas e documentadas as condições do contrato entre os dois governos, Dom João VI autorizou a compra de uma área na região serrana, a cerca de 120 quilômetros do Rio de Janeiro, para instalação dos imigrantes. Foi escolhida a então chamada fazenda do Morro Queimado, que passou a chamar-se Nova Friburgo, em homenagem ao cantão suíço de Fribourg.

A descida do Reno
     Inscreveram-se para a grande aventura 2.006 suíços, em sua grande maioria agricultores falantes de língua francesa. Eram originários dos cantões de Fribourg (830 deles), Berna (500), Valais (160), Argóvia (143), Lucerna (140), Solothurn (118), Vaud (90), Showyz (17), Neuchâtel (5) e Genebra (3). Do total, 57% eram crianças e jovens de até 19 anos; os demais tinham entre 20 e 60 anos.
     Segundo o contrato, o governo de Dom João VI pagaria as despesas de viagem a partir do embarque na Holanda. Até lá, porém, os colonos deveriam viajar por conta própria ou com ajuda dos governantes de seus cantões de origem. Ficou estabelecido que todos se encontrariam na Basileia, localizada às margens do rio Reno. Era o início do verão europeu de 1819. Saindo do porto fluvial da Basileia, a bordo de pequenas embarcações, desceram o Reno, enfrentando sofrimentos de toda ordem, até a foz em Roterdã, na Holanda. De Roterdã foram levados para Dordrecht, onde permaneceram por várias semanas, sem a mínima assistência, à espera dos navios que os trariam para o Brasil. Finalmente, começou o embarque, em St-Gravendeel, partindo o primeiro navio no dia 11 de agosto de 1819.

A travessia do Atlântico
     Sete navios de pequeno porte, sem nenhum conforto, e todos eles com excesso de passageiros, fizeram a grande travessia: o Daphné, o Debby Elisa, o Urania, o Elisabeth Marie, o Heureux Voyage, o Deux Catherine e o Camillus. O primeiro a chegar ao Rio de Janeiro foi o Daphné, que fez a viagem em 55 dias; os últimos foram o Camillus e o Deux Caterine, que, por motivos diversos, demoraram, respectivamente, 122 e 146 dias para alcançar a baía da Guanabara. Ao que se sabe, foi uma viagem terrível, havendo registro de 311 mortos entre o porto de embarque e o de chegada.

A boa acolhida
     A acolhida aos imigrantes no Rio de Janeiro, segundo os registros disponíveis, foi das mais simpáticas, fazendo-os quase esquecer as agruras até ali padecidas. O padre Jacques Joye, um dos principais líderes do grupo suíço, foi recebido pessoalmente pelo rei, que lhe apresentou as boas vindas e determinou que se enviasse aos colonos grande quantidade de laranjas, bananas, pão, vinho e aguardente.

A subida da serra
     A implantação da colônia helvética em Nova Friburgo estava a cargo do monsenhor Miranda, que já providenciara a construção de casas para os imigrantes na futura vila e agora se encarregaria de levá-los até lá.
     Seriam mais de 20 léguas de heroica jornada. O primeiro trecho, na planície, foi feito quase todo a bordo de canoas, subindo o rio Macacu até as cachoeiras. Dali por diante, árdua caminhada serra acima, com auxílio de uma tropa de burros para o transporte de crianças e bagagens. O percurso desde o Rio de Janeiro durou cerca de duas semanas, terminando no dia 18 de fevereiro de 1820, quase um ano após a saída dos suíços de seus cantões. Somados os que morreram ainda na Europa, mais os que morreram no mar e os que morreram já no Brasil, registrou-se um total de 389 baixas, a par de 14 nascimentos.  Assim, daqueles 2.006 que embarcaram na Basileia, chegaram à fazenda do Morro Queimado 1.631, os quais entrariam na história ao lançar, dois meses depois, no dia 17 de abril, a pedra fundamental da hoje encantadora cidade de Nova Friburgo.

Os Falquer
    
Os Falquer, originariamente Farquet, fizeram parte do grupo formado no cantão do Valais. Eram agricultores no vale do Bagnes, descritos como pessoas de hábitos simples mas de personalidade forte. Não se conformando com as carências que então enfrentavam, aceitaram o desafio e partiram sonhando encontrar no Novo Mundo melhores condições de vida.
     Os colonos do Valais atravessaram o Atlântico no navio Hereux Voyage, que chegou ao Rio de Janeiro 69 dias após zarpar da Holanda. Vieram com o grupo de Valais 7 pessoas de sobrenome Farquet (Falquer): Pierre-Joseph (de 43 anos de idade), Catherine (40), Jean-Joseph (25), Pierre (27), Jean Augustin (30), Marguerite (25) e François Augustin (3).
      Jean Augustin Farquet foi o patriarca do tronco a que pertence a nossa família. Dele, de sua mulher Marguerite e do menino François Augustin voltarei a tratar mais adiante.


O duro começo                                         
     Em Nova Friburgo, cada família de imigrantes, além de uma rústica moradia na vila e de subsídios para sobrevivência nos primeiros tempos, recebeu um lote de terras rurais. Parecia tudo um grande sonho; entretanto não tardaram as decepções. O terreno era por demais acidentado, o clima úmido e frio, e o máximo que se poderia esperar seria uma agricultura de subsistência: batata, milho, feijão, frutas e hortaliças. Não fora em troca de tão pouco que os suíços cruzaram o Atlântico. As colheitas eram decepcionantes, a vila não conseguia prosperar, as reclamações cresciam... E, para agravar ainda mais a situação, reviravoltas políticas obrigaram Dom João VI, em abril de 1821, a retornar a Lisboa, deixando o governo do Brasil nas mãos de seu filho Pedro I, nomeado príncipe regente. Sem o “padrinho” Dom João VI, os colonos perderam os subsídios que os vinham sustentando. Houve desespero geral, só não ocorrendo a falência completa da colônia porque chegou generosa ajuda enviada por suíços residentes no Rio de Janeiro e em vários pontos da Europa.

A dispersão
     Passados alguns meses, Dom Pedro I, tomando conhecimento do drama vivido pelos imigrantes suíços, determinou que voltassem a ser pagos a eles os subsídios e autorizando ao mesmo tempo que lhes fossem oferecidas outras terras, fora do distrito de Nova Friburgo. Alguns dos colonos preferiram continuar nos sítios onde já se achavam estabelecidos. Outros, porém, mais ousados, decidiram ir adiante, em busca da sonhada fortuna. Começou assim a dispersão, em dois sentidos: no sentido leste, rumo a Macaé; e no sentido norte, rumo a Cantagalo.
     Jean Augustin Farquet, nosso patriarca, instalou-se em Cantagalo, região propícia para o cultivo do café. Em carta datada de 1834, dirigida a amigos seus que ficaram na Suíça, ele falava da fertilidade dessas novas terras e informava já ter um cafezal com mais de 6 mil pés em franca produção.
Por volta de 1850, o velho Farquet começou a transferir o comando dos negócios ao filho François, então com 30 anos. François aportuguesara seu nome, passando a assinar Francisco Augustin Falquer, e casara-se com Louise Fiaux, também nascida na Suíça, filha de Auguste e Eléonore Fiaux, originários do cantão do Vaud. Arrojado, Francisco Falquer ampliou bastante a fortuna do pai. Aliás, todos os suíços que se estabeleceram na região de Cantagalo prosperaram rapidamente, a ponto de necessitarem de um guarda-livros para controlar as contas de suas propriedades. E esse guarda-livros era ninguém mais, ninguém menos, que o poeta e também fazendeiro Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha, pai do célebre escritor Euclides da Cunha.
Rumo ao porto
     O café colhido nas terras de Cantagalo era levado em tropas de burros até São Fidélis, cidade que se desenvolvera graças ao seu movimentado porto fluvial. Ali o produto era embarcado em pequenos navios (chamados vapores), descendo o rio Paraíba do Sul rumo ao porto marítimo de São João da Barra, pouco abaixo da cidade de Campos dos Goytacazes. O caminho Cantagalo-São Fidélis passava por onde estão hoje São Sebastião do Alto, Boa Esperança e a fazenda São Benedito.
     O porto levou Francisco a centralizar seus negócios em São Fidélis, e dali ele partiu em busca de novas terras, agora na região serrana situada na divisa dos municípios de São Fidélis e Campos. Em pouco tempo tornou-se dono de várias fazendas, começando pela então chamada Fazendinha, nas cabeceiras do rio do Colégio.
     Francisco Augustin Falquer e Louise Fiaux Falquer tiveram cinco filhas e um filho: Maria Luísa, Edwirges, Leonor, Sebastiana (Deca), Rosalina e Francisco. Maria Luísa casou-se com José Volotão; Edwirges com João Pereira da Silva (João Carapina); Leonor com Pedro Gomes de Assis (meu pai), que, ficando viúvo, casou-se em segundas núpcias com Maria Ângela (Angelita, minha mãe), filha de Rosalina e sobrinha de Leonor. Deca não se casou. Rosalina (minha avó materna) casou-se com José Garibaldi de Oliveira Guimarães. Francisco se casou com Raquel (Teté).
     A cada um dos seis filhos, Francisco Augustin Falquer fez questão de doar uma de suas propriedades. Assim, Maria Luísa e José Volotão ficaram com a fazenda Sabiá; Edwirges e João Pereira da Silva com a Monte Alegre; Leonor e Pedro Gomes de Assis com a do Farol; Deca ficou com a Fazendinha; Rosalina e José Garibaldi com a da Água Fria; e Francisco e Raquel com a fazenda do Rio Preto. Mais tarde, Pedro Gomes de Assis vendeu a fazenda do Farol e comprou de Deca a Fazendinha, que passou a chamar-se fazenda Santa Rosa. Depois comprou também a Bela Joana.

 Bela Joana
Eu menino tinha um mundo,
meu brinquedo de criança, meu pequeno Xangrilá.
No meu mundo tinha um rio chamado Bela Joana,
que nascia numa serra chamada Bela Joana
e escorregava num vale chamado Bela Joana.

     Nas margens de um riozinho cantarolante, na região montanhosa do município de São Fidélis, havia uma propriedade então conhecida como fazenda da Cachoeira, que fora desbravada pelos Falquer e futuramente veio a pertencer a Pedro Gomes de Assis (meu pai). No início, por conta de suas águas geladas, o rio chamava-se Racha-Canela. Depois passou a chamar-se Bela Joana.  
     Por que Bela Joana?
     Há várias versões. A que eu ouvia quando menino, e que mais tarde foi confirmada pelo meu sobrinho Paulo Fernando de Assis (Paulinho) após pesquisar a fundo essa história, é a que associa o nome do rio e do vale a uma formosa senhora chamada Joana, de cujos herdeiros meu pai adquiriu aquelas terras.
     Joana Dietrich Pope era filha de um casal de holandeses, proprietários da fazenda do Engenho, no Rio Preto. Ela morava na cidade de Campos dos Goytacazes, era maestrina, desfrutava de grande prestígio na sociedade, tocava piano muito bem, ensinava música e costumava promover animados saraus em sua casa. Com frequência visitava os pais no Rio Preto, onde seu divertiment predileto era cavalgar. E por ser muito bonita ficou conhecida na fazenda como a bela Joana.
     Após a morte dos pais, Joana passou a morar no Engenho e assumiu a direção da propriedade. Logo depois ela comprou dos Falquer a fazenda da Cachoeira, ficando então com duas casas, uma na Cachoeira, outra no Rio Preto.
     Ia e vinha constantemente entre as duas fazendas, cerca de duas léguas uma da outra. Essas viagens eram uma verdadeira festa, visto que a elegante fazendeira levava sempre consigo alguns empregados e empregadas, todos bem-vestidos. Ela à frente, montada num vistoso cavalo, e a comitiva atrás, cantando pelos caminhos.
     Numa dessas viagens, próximo à fazenda da Cachoeira, ao atravessar o rio Racha-Canela, ela foi surpreendida por uma “cabeça d’água”, que a atropelou com cavalo e tudo. Foi arrastada pelas águas e resgatada um pouco abaixo.  Levada para o Rio Preto em maca, acabou morrendo em razão desse acidente.
     Daí por diante, o rio Racha-Canela ficou conhecido como rio Bela Joana, e assim se chama ainda hoje todo aquele belíssimo vale.

Gutinho
     Ali, naquela serra, cercado de cafezais, à beira daquele rio, no dia 7 de abril de 1933, nasceu na casa de Seu Pedro Gomes e de Dona Angelita o menino Gutinho, de batismo Antonio Augusto de Assis.
     O nome foi escolhido com certa solenidade. Meu pai era muito amigo de um primo dele, seu companheiro de infância, Dom Antonio Augusto de Assis, que foi bispo de Pouso Alegre-MG e depois arcebispo de Jaboticabal-SP. Dom Assis estivera poucos dias antes em São Fidélis em visita aos parentes, e dele fui feito xará como homenagem ao primo ilustre. 
     Fui manchete na história da família porque nasci temporão, décimo quarto de uma fieira de 15 irmãos. Dez anos antes de mim nascera o Gomes, por todo esse tempo havido, tido e paparicado como caçula. Aí, de repente, Seu Pedro e Dona Angelita se distraíram e me puseram no mundo. Mas não fui o último. A raspa do tacho viria quatro anos depois, o Paulo.
     Nossa casa de roça, distante três léguas da cidade de São Fidélis, tinha como vizinhos dois dos meus irmãos, ambos casados: Francisco (Chico), estabelecido meia légua rio acima, e Monclar, meia légua rio abaixo. Nasci no mesmo ano em que nasceram as primeiras filhas deles: Magali, do Chico, e Lolozinha, do Monclar. Como Chico e Monclar formaram numerosa prole, logo-logo a Bela Joana hospedava uma barulhenta criançada. O ponto diário de encontro era a escola, que ficava ao lado de minha casa. Foi ali que os meninos e meninas da família, mais a filharada dos colonos, fomos alfabetizados, tendo como professoras minhas irmãs Maria do Carmo e Maria da Glória.
     No início de 1943, quando eu estava para completar 10 anos de idade, a família decidiu mandar-me para São Fidélis, a fim de continuar os estudos. Tínhamos lá uma casa na Rua Faria Serra, onde moravam dois dos meus irmãos: Leonor, que era funcionária da Prefeitura, e Gomes, que trabalhava como contador numa companhia cafeeira e depois numa fábrica de tecidos, a Algodoeira Fidelense. Completei o primário no Grupo Escolar Barão de Macaúbas, fiz o ginásio no Colégio Fidelense e em seguida fui morar na casa de minha irmã Zizinha, em Campos dos Goytacazes, a fim de fazer o científico no Liceu de Humanidades. Mas parei na metade do curso e voltei para São Fidélis, ali iniciando a vida profissional como auxiliar de escritório na Algodoeira. Só iria retomar os estudos quando já estava residindo no Paraná: completei o segundo grau e em seguida fiz Letras na FAFI, posteriormente incorporada à UEM – Universidade Estadual de Maringá, enquanto meus irmãos Gomes e Paulo se formaram em Direito em Campos. Nesse meio tempo, Gomes se casou com Dalila e Paulo com Vânia.
     No início da década de 1950, nossos pais venderam a Bela Joana, passando a residir na cidade. Na época a família estava assim distribuída: os irmãos Francisco I, Gominho e Pedrinho haviam falecido ainda jovens. Zizinha, a primogênita, casada com João Lusitano, morava em Campos. Nenenzinha, casada com Antoniquinho Berriel, morava no Laranjal, um sítio próximo da cidade. Chico, casado com Híria, continuou por algum tempo na Bela Joana, mudando-se depois para Campos. Luiz, casado com Maria Garcia (Quinha); Monclar, casado com Francisca, e José, casado com Iracema, moravam em Bauru. Maria da Glória, casada com Aloísio Abreu, morava na Ipuca. Didinha Leonor, Maria do Carmo, Gomes, eu e Paulo ficamos morando com os pais em São Fidélis, a partir daí numa outra casa, na Rua Euclides da Cunha, localizada na beira-rio. A rua tem esse nome porque ali residira durante alguns anos, na juventude, o famoso escritor.
Dindinha
     Por haver nascido quando meus irmãos mais velhos já eram todos crescidos, fui muito dengado pela família inteira, inclusive por diversos sobrinhos que já eram adultos. Mas quem mais ajudou meu anjo da guarda, durante a infância, adolescência e boa parte da juventude, foi outro anjo, Dindinha Leonor, irmã e madrinha, uma pessoa maravilhosa, que cuidava de mim como se seu filho fosse. Tenho certeza de que lá do céu, onde se encontra, ela continua me acompanhando minuto a minuto. A bênção, Dindinha!

Vocação literária
   Desde menino fui sensível à arte literária. No ginásio, ficava encantado com as aulas do professor Expedito, que ensinava quatro línguas: português, latim, francês e inglês. Em casa, ouvia com silenciosa atenção e curiosidade as conversas do meu irmão Gomes com alguns amigos dele gostantes de literatura, especialmente o professor Kleber Borges (Bibingo). Mas a vocação parece que já veio na alma, herança do avô materno, José Garibaldi, maestro de banda e ledor de Camões, e principalmente de minha mãe, Dona Angelita, poeta de nascença, que tinha sempre à cabeceira algum romance ou livro de poesia e que foi a primeira incentivadora dos versinhos que eu começava a rabiscar.
     Aprendi também muito cedo a gostar de jornais e revistas. Meu pai era leitor assíduo do Diário Carioca e do Correio da Manhã. Meu irmão Gomes, além de ter uma boa biblioteca, assinava as revistas Seleções, Careta e O Cruzeiro. Nossas irmãs compravam sempre a Vida Doméstica. Eu pegava carona em todo esse material de leitura e a cada dia ia sentindo bater mais forte a paixão pelas letras.

A. A. de Assis
     A poucos metros de nossa casa havia uma gráfica onde se imprimia O Fidelense (“um hebdomadário independente a serviço da coletividade”). O jornal pertencia ao deputado Gouveia de Abreu (Doutor Dó), mas quem o dirigia era o Doutor Jacy Seixas. O impressor era o Fidélis Subieta. Um dia criei coragem, escrevi um artigo e entreguei ao Subieta, dizendo: “Peça ao Doutor Jacy que dê uma olhada e veja se dá para publicar”.
    Eu tinha 16 anos de idade. Não falei a mais ninguém sobre o tal escrito. No domingo seguinte, fui logo cedinho comprar o jornal... Tremi nas pernas: lá estava, ainda com aquele delicioso cheirinho de tinta, o texto que inaugurava minha vida de jornalista. Estranhei, porém, um detalhe: em vez de Antonio Augusto de Assis, como assinei no original, o nome que saiu embaixo do título foi A. A. de Assis.
     Na segunda-feira perguntei ao Subieta o que acontecera. Fácil de entender: naquela época as gráficas trabalhavam com tipos móveis. Cada fonte de tipos ficava numa caixa e o tipógrafo ia catando letra por letra para compor a matéria. E havia o costume de escrever os nomes dos autores de artigos utilizando os tipos chamados “itálicos”, aqueles inclinadinhos. Deu-se, todavia, que a caixa de itálicos estava desfalcada, faltando a letra “t”, daí a impossibilidade de escrever tanto Antonio quanto Augusto. E foi assim que, por conta e arte desse genial tipógrafo, virei A. A. de Assis.
      Animado pela publicação do artigo, procurei pessoalmente o Doutor Jacy, que generosamente me aceitou como colaborador permanente d’O Fidelense. Fiquei todo prosa, claro. Mas surgiu um problema. Como em São Fidélis todos me conheciam pelo apelido de Gutinho, os leitores começaram a indagar quem era aquele tal de A. A. de Assis. Assim que descobriram, começou a fofoca. Duvidavam que eu, tão menino ainda, pudesse escrever aquelas coisas. Havia quem dissesse que o verdadeiro autor era outro Augusto Assis, meu primo monsenhor Augusto José de Assis Maia, pároco local. Fiquei fulo da vida com aquilo. Para não deixar dúvida, publiquei no domingo seguinte um artigo falando de carnaval, rebolado etc., e com um vocabulário bem apimentado, coisa que ninguém jamais iria atribuir a um padre. Deu certo: acabou a fofoca.

Maringá
     Em abril de 1953, completei 20 anos. Meu irmão Luiz esteve em São Fidélis em visita à família e aproveitei para confessar-lhe o desejo de mudar também para Bauru. Dois meses depois, em junho, recebi a notícia de que me esperava um emprego na concessionária bauruense da General Motors, onde já trabalhava outro irmão, o José. Arrumei a mala, e... pé na estrada.
     Não era, porém, exatamente aquilo que eu sonhava. Luiz sabia disso. Um ano e meio depois ele me surpreendeu com uma proposta: “Você gostaria de ir para Maringá?”. De bate-pronto respondi que sim, embora sem saber sequer de que Maringá ele estava falando. A que eu conhecia era a do Joubert de Carvalho, a canção. “É uma cidade novinha, no Paraná, com muito futuro”, explicou o mano.
     Luiz e dois cunhados dele, Maurílio e Nico, tinham umas terras em Astorga e eram sócios de um parente numa lojinha de peças de automóveis em Maringá. Como o parente se desinteressou do negócio, fui convidado a ficar no lugar dele.
     No dia 17 de janeiro de 1955, viajando de jipe em companhia do meu irmão e do Maurílio, cheguei a Maringá para iniciar vida nova. Paramos em frente ao Bar Central, na praça hoje denominada Napoleão Moreira da Silva, para tomar um refrigerante. Lá estava o pioneiríssimo Ângelo Planas, a primeira pessoa a quem fui apresentado em Maringá. Meu irmão e o Maurílio já o conheciam lá de Bauru e ele nos garantiu que “esta vai ser um dia a melhor cidade do mundo”. Acreditei sem reticências. Gamei pela cidade à primeira vista. Maringaísta no primeiro impacto.
     Hospedamo-nos no Hotel Esplanada, então existente na Avenida Duque de Caxias, perto do escritório da Companhia Melhoramentos. Nunca me esqueci do primeiro banho. Tendo entrado no chuveiro com o corpo inteiramente coberto pela poeira da estrada, via a água rolando vermelhinha, uma coisa linda. À noite jantamos na Churrascaria Guarani e na manhã seguinte, com a cara e a coragem, assumi as novas funções. Luiz e Maurílio voltaram para Bauru e fiquei morando sozinho numa casa nos fundos da loja.
     Vim de lugares antigos, encontrei aqui uma cidade nascendo. Misturou tudo na cabeça: a sensação de que eu havia entrado de penetra num filme de faroeste; sonhos de rapaz vendo o futuro abrir-se num convite irresistível; aquela poeira colorida com cheiro de vida; aquela gente apressada passando nas ruas com suas botas e chapéus de palha; caminhões puxando madeira; jipes trotões levantando redemoinhos; de noite o tuque-tuque dos motores de luz, e eu ali no meio, um fluminense romântico fascinado pela chance de mergulhar na aventura do pioneirismo.
     Villanova era o prefeito, o primeiro do município, e o pessoal começava a falar em novas eleições. Puxa, que emoção: ajudar a escolher o segundo prefeito de Maringá. Transferi meu título, votei no Haroldo. Mas o Américo era um candidato diferente, tocava viola, falava simplão, arrumava as ruas com sua motoniveladora, ganhou a batalha.    
     O transporte da maioria era a bicicleta, a lambreta, ou a circular do Polônio, que de vez em sempre atolava na Avenida Brasil, obrigando os passageiros a descer para empurrar. Os mais abonados rodavam de jipe ou perua. Eu tinha uma monareta.
     A diversão durante a semana era ver algum filme no Cine Maringá ou no Cine Horizonte. No sábado um baile no Aero Clube ou no Grêmio dos Comerciários. No domingo matinê dançante e em seguida a primeira sessão do cinema, terminando com a saideira no Bar Colúmbia. Se chovia, a moçada ia para o baile com os sapatos nas mãos, calçando lá dentro após o lava-pés no banheiro do clube.

Primeiros amigos maringaenses
     Havia muitos solteiros em Maringá, vindos de diferentes origens, todos movidos pela esperança de crescer junto com a cidade. Enturmei de imediato com um grupo deles, comensais da Cantina do Zitão. O dono, João Antônio Correia Júnior, iria projetar-se mais tarde como jornalista e escritor. A gente fazia as refeições na cantina como mensalistas e nos tornamos uma bela família. Foi lá que conheci, por exemplo, Hiran Sallé, Luiz Cossich, Mário e Fernando Ferraz, Bruno e João Preis, Márcio Vieira, Vicente Ribeiro, Rodolfo Purpur, Osvaldo e Olinto Shimith, Caiçara e, entre tantos outros, o queridíssimo professor e maestro Aniceto Matti.
     Por ser vizinho da loja Rodolpho Bernardi, fiz logo amizade também com os que lá trabalhavam, entre eles, além do Dirceu e do Dirley, dois outros a quem até hoje dedico benquerer de irmão: Adhemar Schiavone e João Amaro Faria.
     A partir daí foi fácil ampliar o círculo de companheirismo. Fiz-me associado do Aero Clube e do Grêmio dos Comerciários, onde todo mundo virava logo íntimo de todo mundo. Entre os mais íntimos meus, cito, por exemplo, Éder Nonino, Éder Gonçalves, Afonso Seara, Pedro Granado, Carlos Borges, José Aniceto, Antonio Mário Manicardi, George Khouri, Divanir Braz Palma, Túlio Vargas, Edgar Osterroht, Reynaldo Costa, Edgar e Aristides Taboranski, Henrique e Wandeir Ortêncio, Ademaro Barreiros, Luís Carlos Borba, Frank Silva, José Sanches Filho, Chico Dantas, Donald Serra, José Guimarães, os irmãos Pacheco, Vanorzinho Henriques, Waldemar Alegretti, Laércio Nickel Ferreira, Valdevino do Bancial, Wanderley de Almeida César, Jaime Ribeiro, Zezé Machado, Renato Rua de Almeida, Marinho Carnelossi, José Dutra, Calil Haddad, Armando Bettinardi, Antenor Sanches, José Manoel Ribeiro.

O jornal do Chico
     Um dia, cerca de três meses após minha chegada à cidade, peguei a monareta e fui conhecer a redação do semanário A Hora. Lá encontrei o Chico de Souza, mistura de gerente, vendedor de anúncios, editor e tudo o mais. Apresentei-me, disse que gostava de escrever e perguntei se ele aceitaria colaboração. “Aceito sim, disse ele, e se quiser comece agora”. Tomei um susto, claro. Chico explicou que precisava fechar a edição, mas faltava o editorial. O redator-chefe adoecera e ele estava ali sem saber o que fazer. Indaguei qual seria o assunto. “É contra o prefeito”, acrescentou, dando as razões da briga. O prefeito era o Villanova, a quem eu só conhecia de nome. Mas tudo bem: sentei-me diante da velha máquina datilográfica e em poucos instantes o artigo estava pronto. Ele leu, arregalou os olhos, chamou o tipógrafo: “Rapidinho, cara, componha este texto e ponha para rodar”.
     Só depois dessa agitada cena o Chico me convidou para tomar um cafezinho e iniciou o interrogatório: quem era eu, de onde vinha, se queria emprego no jornal e coisa e tal. Respondi que desejava apenas publicar uma crônica semanal, sem remuneração. Aceita a oferta, assim se fez, porém em pouco tempo eu estava escrevendo quase que o jornal inteiro. O problema foi o remorso que bateu quando vi de perto pela primeira vez o prefeito Villanova e com ele bati um rápido papo. O homem era uma simpatia, um herói lidando com os desafios de uma prefeitura sem dinheiro e com mil coisas a serem feitas a curtíssimo prazo. Nunca mais falei mal dele...

A Tribuna e NP
     Minha atividade principal continuava sendo a lojinha de autopeças, porém nas horas vagas, principalmente à noite, fui me envolvendo cada vez mais na imprensa. Continuei n’A Hora enquanto durou (acabou porque o Chico de Souza foi embora para o estado de São Paulo); depois, por algum tempo, escrevi para o O Jornal de Maringá, do Ivens Lagoano Pacheco. Mas peguei mesmo, para valer, quando Manoel Tavares lançou A Tribuna de Maringá. Nas primeiras edições o redator principal era o Ary de Lima, que, entretanto, muito ocupado com os seus compromissos de professor, não pôde continuar. Por insistência do bravo Tavares, aceitei a chefia de redação e iniciamos um trabalho jornalístico que marcou época.  Ali se revelaram alguns dos mais brilhantes jornalistas maringaenses da época, entre os quais Ademar Schiavone, Luís Carlos Borba, Ademaro Barreiros, Pedro Granado, Divanir Braz Palma, João Amaro Faria.
     Ao mesmo tempo em que atuava n’A Tribuna, assumi com Aristeu Brandespim o desafio de produzir a primeira revista da cidade, Maringá Ilustrada, cuja edição inaugural chegou às bancas em agosto de 1957. Hoje, quem tem um exemplar dessa edição sabe que tem um tesouro. Para consulta de pesquisadores, há uns poucos exemplares disponíveis no museu da Universidade, no arquivo do Patrimônio Histórico, talvez na Biblioteca Central do município.
     A publicação trazia, entre muitas outras matérias, a lista dos primeiros pioneiros; a reportagem sobre a festa do décimo aniversário de Maringá, inclusive mostrando o acidente em que dois aviões da Esquadrilha da Fumaça caíram em cima da caixa d’água da antiga estação ferroviária; textos sobre os primeiros políticos locais, fotos de homens e mulheres de destaque na sociedade, e uma preciosidade: a cobertura da chegada do primeiro bispo da diocese, Dom Jaime Luiz Coelho.
     Na primeira edição os redatores éramos Ary de Lima e eu. A partir da segunda, que trouxe na capa a maquete da nova Catedral em desenho de Edgar Osterroht, fiquei como redator-chefe. Mas Brandespim era um homem arrojado e achou que o nome Maringá Ilustrada restringia o âmbito da publicação. Mudou então para NP – Norte do Paraná em Revista, e no ano seguinte outra vez mudou, passando ao nome definitivo: NP – Novo Paraná, com o projeto de circular em todo o estado.
     Aos poucos fomos formando uma pujante equipe de colaboradores. Cito de memória  alguns, incluindo jornalistas de Maringá, de Londrina e de Curitiba: Ademar Schiavone, Frank Silva, Ademaro Barreiros, Túlio Vargas, Luís Carlos Borba, Clóvis de Freitas, Correia Júnior (Zitão), Emílio Germani, Altino Borba, Wilson Silva, Ênnio Monção Pires, Milton Cavalcanti, Samuel Guimarães da Costa, Luiz Geraldo Mazza, Bacila Neto, Pedro Ricardo Dória, Helê Velozo Fernandes, Alceu Chichorro. Os principais fotógrafos eram Edgar Taboranski e Jasson Figueiredo.
     Como eu escrevia a maioria dos textos, usava, tanto na NP quanto n’A Tribuna, diversos pseudônimos: João Guido, César Augusto, Robson, Tabaréu, Bitão e outros.
     A Tribuna de Maringá e a revista NP, que circularam enquanto vivos foram seus valorosos diretores (Tavares e Brandespim), realizaram em parceria algumas campanhas realmente memoráveis.



O casamento
     Lucilla nasceu em Angra dos Reis-RJ, filha de Apulcho Pereira Simas e de Ismênia Rocha Simas, e irmã de Luiz, João, Augusta e Maria da Conceição. Ela estava com 11 anos de idade quando Seu Apulcho, funcionário do Correio, pediu transferência para Santo Antônio de Pádua, cidade vizinha de São Fidélis. Em Pádua ela fez o ginásio. Em 1950 a família mudou para Mangaratiba, e Lucilla cursou a Escola Normal em Angra, que ficava perto. Terminando o curso, e estando Seu Apulcho próximo da aposentadoria, ele pediu nova transferência, dessa vez para Cambuci, onde meu futuro cunhado Luiz Simas era agente do Correio.
     Tínhamos 16 anos quando começamos a namorar, eu morando em São Fidélis, Lucilla em Pádua. Com a volta dela para Angra dos Reis, e com a minha mudança para Bauru e em seguida Maringá, o namoro passou a ser mais por meio de cartas do que pessoalmente, visto que eu, tão longe, só ia ao estado do Rio duas vezes por ano. Mas as linhas estavam traçadas, e no dia 25 de janeiro de 1958 nos casamos, na igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Cambuci, a 20 quilômetros de São Fidélis.

Trem do amor
     A cerimônia estava marcada para as seis da manhã. Isso mesmo: ao nascer do dia. Porque o trem passava pela cidade às sete e meia.
     Noivos e convidados já estavam de pé antes das cinco; a noiva por certo nem dormira. Seis horas em ponto, escutava-se a marcha nupcial. Qualquer descuido com o relógio significaria o risco perder o trem.
     Casamento bonito, solene, com missa e cantos em caprichado latim, comovente sermão do padre Othon. Terminou às sete, igualmente em ponto. Em meia hora deveríamos, após trocar de roupa e cortar o bolo, estar prontos para o embarque na estação.
     O normal era o trem atrasar, mas justamente naquele sábado quebrou a regra: chegou na horinha... sem que lá estivéssemos.  O recurso foi os convidados plantarem-se em cima da linha, na frente da locomotiva, impedindo a partida. Sorte que o maquinista estava de bom humor e acabou aderindo à brincadeira, aproveitando para comer a fatia de bolo que alguém se lembrou de oferecer-lhe. Entre podes e não podes, gritos, apitos e assobios, espera-um-pouco e espera-um-pouco-mais, uns quinze minutos se passaram... e o trem ali parado.
     Quinze ou vinte minutos, sei lá. Naquele alvoroço, o embarque foi um tumulto. Além de nós, que viajaríamos para o Rio de Janeiro, iriam juntos até São Fidélis e Campos dezenas de convidados. Gente cantando, gente tocando violão, gente gritando “é pique, é pique, é pique...”, gente jogando arroz... O recolhedor de passagens quase endoidou naquela confusão; houve até quem viajasse de graça.
     Após o desembarque dos barulhentos convidados, pudemos, enfim sós, prosseguir tranquilos nossa lua de mel sobre trilhos, o trem rolando pachorrento a 40 ou 50 quilômetros por hora, soltando fumaça, apitando em cada curva, batendo sinos, parando em cada cidadezinha, em cada fazenda, desce gente, sobe gente...
     Mas o “enfim sós” pouco durou. Por obra do atraso forçado na estação das núpcias, ficamos famosos e superparicados. Os passageiros todos se fizeram figurantes da história, batendo palmas, gritando vivas, se acercando para abraçar e beijar os dois pombinhos. O maquinista mandou perguntar se estávamos bem. O vendedor de jornais ofereceu os matutinos de graça: “Pra vocês escolherem um bom programa na capital”. O baleiro trouxe bombons: “Não precisam pagar, é cortesia da casa”. Até o almoço no vagão-restaurante foi presente: “Nossa homenagem à boniteza desse xodó de vocês!”.
     Passamos dois dias no Rio, um dia em Aparecida, dois dias em São Paulo, e dali para Maringá. O aeroporto era ainda de chão batido. A Avenida Brasil, por onde passou o táxi, não tinha asfalto. Um poeirão de dar medo. Lucilla não comentou nada, mas até hoje, mais de meio século depois, fico imaginando o que ela pensou naquele instante. No mínimo sentiu uma vontade enorme de pegar o avião de volta.
     Mas quando a gente é jovem tudo é festa. Em pouco tempo ela se adaptou ao jeito maringaense de viver, nasceu nossa primeira filha, Maria Ângela, formamos um ótimo círculo de amizades, e em Maringá continuamos por mais dois anos. No final de 1959, bateu uma saudade muito forte do estado do Rio. Encerramos os negócios na lojinha de autopeças e providenciamos a mudança.

Nova Friburgo-São Fidélis
     No início de 1960, meu cunhado Aloísio Abreu convidou-me para associar-me a ele num pequeno empreendimento comercial em Nova Friburgo. A cidade era linda, clima de montanha, vida cultural estimulante. Ficamos lá durante um ano, mas a coisa acabou não dando o resultado que esperávamos, e fomos de volta para São Fidélis.
     Como eu tinha experiência no ramo, fui convidado a trabalhar na filial local de uma concessionária Chevrolet, que tinha matriz em Itaperuna. Foi nessa época que conheci a poeta Jeanette De Cnop, mocinha ainda. Ela trabalhava na mesma empresa e nos tornamos muito amigos. Mais tarde, por feliz coincidência, Jeanette viria morar em Maringá, seria minha colega no Departamento de Letras da UEM, depois na Academia de Letras, e assim consolidamos uma fraterna amizade que se mantém até hoje.
     Foi ótimo viver mais aquela temporada no estado do Rio, sobretudo pela oportunidade de enriquecimento cultural. Mas minha história estava mesmo programada para ter como cenário Maringá.  Em julho de 1963, recebi uma carta do Manoel Tavares insistindo para que eu voltasse a trabalhar com ele na Tribuna.
    A família havia crescido: nascera fidelense nossa segunda filha, Maria Paula, e sonhávamos viver num lugar maior, que oferecesse melhores oportunidades. Conversamos bastante, arrumamos outra vez a mudança e... pé na estrada rumo ao Paraná.

O recomeço
      De novo em Maringá, decidi definitivamente que não tinha vocação alguma para o comércio. Minha seara era a imprensa. Tavares entregou-me a chefia de redação d’A Tribuna e ao mesmo tempo reassumi, a convite do Brandespim, o lugar que havia deixado vago na revista NP. Aliás, durante os três anos em que estive ausente, mantive os laços com a revista: permaneci como colaborador, enviando mensalmente uma crônica, que Aristeu publicava com destaque na última página. Ele apostara que eu retornaria. Ganhou a aposta.
     Enquanto eu trabalhava na imprensa, Lucilla atuava no ensino, primeiramente como alfabetizadora em escolas da rede estadual, e, a partir de 1982, como professora da UEM na área de Pedagogia.

Folha do Norte

     No início de 1965, Ademar Schiavone assumiu a gerência da Rádio Cultura e me convidou para trabalhar com ele. Alguns meses depois, Joaquim Dutra, um dos diretores da Rádio, arrendou as máquinas da Folha do Norte do Paraná e fui para lá com ele, como diretor de redação.
     A Folha tinha sido implantada em 1962 por Dom Jaime Luiz Coelho, para ser não apenas um porta-voz da diocese, mas um jornal de grande circulação, que trataria de todos os assuntos de interesse da região. Era um jornal moderno, com equipamento bastante avançado para a época. No entanto, devido a dificuldades administrativas, foi preciso interromper as atividades no início de 1965.
     Foi então que Joaquim Dutra, com a sua sólida experiência adquirida na administração de outros veículos de comunicação, firmou com a Mitra o contrato de arrendamento, e o matutino voltou de imediato às bancas.    
     Joaquim e eu fomos aos poucos ampliando a equipe, e a Folha do Norte tornou-se uma verdadeira escola de comunicadores. Por lá passaram alguns dos mais importantes jornalistas de Maringá. Não consigo me lembrar de todos, mas vale destacar os três Serra – Elpídio, Ismael e Wilson (Serrinha), Jorge Fregadolli, José Antônio Moscardi, Manoel Messias Mendes, Borba Filho, Frank Silva, Francisco de Oliveira (Minichico), Waldir Pinheiro, Kester Carrara, Verdelírio Barbosa, Walter Poppi, Rogério Recco, José Carlos Struet, Henri Jean (o Francês), Francisco Bonato, Manoel Cabral, Antônio Calegari, Laércio Silva, Joel Cardoso, Antônio Carlos Moretti, Osvaldo Reis, Pelé, Quirino, Valter Pietrângelo, Luiz Carlos Rizzo, os fotógrafos Moracy e Serginho Jacques, Valdir Carniel, Nelson Jaca Pupin, Aparecido Martins (Danger), Foguinho, as colegas Neuzinha, Shirley, Alzira, Eva, Sandra, o Pedrinho do escritório, o Gumercino da rotativa, o Tupã da linotipo, o Jorge Egias da paginação, o Genaro da clicheria. Cabe aqui lembrar ainda outros jornalistas que, embora não trabalhando na Folha, sempre se mostraram excelentes colegas, entre eles Tatá Cabral, Ângelo Rigon, Carmen Ribeiro, Osvaldo Lima.
     Com esse time, conseguimos realizar um trabalho muito fecundo durante mais de 10 anos. Foi um período difícil, porque coincidiu com a época dos governos militares, que impunham forte censura à imprensa. Naquele meio tempo o país foi governado pelos generais Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Médici e Ernesto Geisel. Mas a gente trabalhava prioritariamente com o noticiário estadual e municipal, e nesse âmbito era mais fácil lidar com gregos e troianos.
     Como governadores do Paraná, no período, tivemos Ney Braga (final do primeiro mandato), Paulo Pimentel, Haroldo Leon Peres, Parigot de Souza, Emílio Gomes e Jaime Canet. Os prefeitos do município foram Luiz de Carvalho, Adriano Valente, Silvio Barros e João Paulino (começo do segundo mandato).
     A política brasileira estava dividida em dois lados: Arena e MDB, depois PDS e PMDB. Na redação da Folha, entretanto, as duas bandas circulavam tranquilamente. Com frequência lá se encontravam, tomando juntos o nosso cafezinho, Paulo Pimentel e José Richa, Renato Celidônio e Haroldo Leon Peres, João Paulino e Said Ferreira, Túlio Vargas e Adriano Valente, Luiz de Carvalho e Walber Guimarães, José Cassiano e Horácio Raccanelo, Silvio Barros e Jorge Sato, Renato Bernardi e Gabriel Sampaio, Antônio Facci e Tadeu França, Marco Antônio e Sincler Sambatti. A gente aproveitava para ficar sabendo de tudo, e os leitores é que lucravam com isso. 
     Em 1974, Joaquim Dutra decidiu, porém, partir para um novo empreendimento: fundou e instalou o O Diário do Norte do Paraná, que posteriormente viria a pertencer, como até hoje, ao jornalista Frank Silva. O Diário entrou com maquinaria mais moderna, a Folha não tinha como reequipar-se e foi se defasando. Fiquei lá até 1977. Fregadolli continuou até 1979, quando Dom Jaime preferiu não renovar mais o arrendamento. Vendeu as máquinas e liquidou a editora, dando assim por terminada a história de um jornal que jamais será esquecido.
     Sua linha de conduta sempre séria, o noticiário vibrante, e sobretudo os seus editoriais e os memoráveis artigos de Dom Jaime Luiz Coelho deixavam bem nítidas as razões de existir do jornal: a defesa da ética e a luta pelo desenvolvimento geral da região de Maringá, aquela paixão que a gente chamava de “maringaísmo”. Foi, enfim, um bonito sonho, que enquanto durou foi muito útil à comunidade.
     Ao deixar a Folha, continuei por mais algum tempo no jornalismo, escrevendo crônicas (algumas com o pseudônimo “João Guido”) para O Diário e  Jornal do Povo e para as revistas Aqui, Pois É e Tradição. Todavia, já me preparando para mudar de profissão.

O professor
     Fiz Letras porque ainda não havia em Maringá o curso de Jornalismo. Porém peguei gosto, não só porque desde menino fui sempre apaixonado pelo estudo de literatura e línguas, mas também, e muito, pelos extraordinários professores que encontrei no curso de Letras da FAFI (depois incorporada à UEM): Valter Pelegrini, Agostinho Baldim, Maria Ignez Tílio, Maria Céli, Leônidas Avelino, Irene, Guido, Salvador, Giovanni e outros tantos, gente sábia e cheia de entusiasmo pelo que fazia. 
     Terminando a graduação, e querendo também ser um semeador das letras, comecei a dar aulas no ensino médio, embora ainda pelejando em jornais e revistas. Em 1976, fui trabalhar no Colégio Santa Cruz, uma experiência muito marcante em minha vida (até hoje me emociono ao reencontrar os ex-alunos).
     No final de 1979 fui para a UEM, primeiro como assessor de imprensa do reitor Neumar Adélio Godoy, em seguida como professor, após fazer concurso para o Departamento de Letras. Passei então a dar aulas de língua portuguesa, mas, ao mesmo tempo, ainda por alguns anos, prestando serviço à administração da Universidade, na assessoria do reitor Paulo Roberto Pereira de Souza.
     Terminada a gestão de Paulo Roberto, assumi em tempo integral as atividades de ensino no Departamento de Letras. A passagem pela administração foi muito interessante, pelo muito que aprendi trabalhando ao lado de dois grandes reitores e de profissionais extremamente capacitados, entre os quais Aroldo Xavier, Alfredo Beltrame, José Roberto, Dirceu Galdino, Nilson Campos Silva, Francisco Rabelo, João Celso, Clélia Nogueira, Arnaldo Zubiolli, Moacir Colombo, Wanderley de Paula Barreto e outros.
           
     Mas, para o meu amadurecimento literário, a experiência mais enriquecedora foi o convívio com os alunos e com os colegas da área de Letras. Além dos que aprendi a admirar quando fui aluno deles, e dos que eu já conhecia desde muito antes, como Hiran, Juliano, Jeanette, Boing, Aécio, Tadeu França, Iara, conheci outros igualmente muito especiais: Marilurdes, Leonildo, June, Thomas, Bacelar, Deonísia, Maria Ângela, Sônia, Dayse, Renilson, Ângelo, Marly, Edina, Mílton, Cláudia, Odilair, Apolo, Lurdinha, Celinha, Marcinha, Sílvia, Roque, Aglaé, Adalberto, Arnaldo, José Luís, Álvaro.

Assis, Lucilla, Augusta, as filhas, os genros e os netos

     Em 1997, aposentei. No início ainda senti alguma falta da lufa-lufa. Logo, porém, me acostumei a não precisar mais do relógio, e achei ótimo, principalmente porque pude enfim dispor de tempo para dar asas soltas ao poeta que desde menino habitou em mim. Em 1998, Lucilla também aposentou-se, e desde então passamos a dizer que moramos em “Caboringá”... Como uma de nossas filhas, Maria Ângela, reside em Maringá e a outra, Maria Paula, em Balneário Camboriú, vivemos, Lucilla e eu, pralá-pracá.

O poeta
     O gosto pela poesia, como foi dito, manifestou-se em mim desde muito cedo. Comecei, porém, a publicar os primeiros versos já em Maringá, n’A Tribuna
     Ledor de Bandeira, Drummond, Quintana, Mário de Andrade, Cecília e de outros mestres do modernismo, tinha preferência pelo verso livre. Em 1959 selecionei um punhado de poemas e fiz um livro chamado Robson. Por que esse título? Por nada. Apenas porque Robson era o pseudônimo que eu geralmente usava para assinar meus poemas nos jornais. O livro, com generoso prefácio de Luís Carlos Borba e capa de Edgar Osterroht, vale pelo menos pelo seu significado histórico: foi o primeiro impresso em Maringá. O papel foi presente da revista NP e a impressão foi feita de graça na gráfica d’A Tribuna, com tiragem de 500 exemplares, todos eles oferecidos a parentes e amigos. Foi minha “inauguração oficial” como poeta.
     Em 1960, em Nova Friburgo-RJ, conheci pessoalmente o trovador Luiz Otávio. Ele ali estava, em companhia do poeta J. G. de Araújo Jorge, cuidando dos preparativos dos I Jogos Florais de Nova Friburgo, belíssima festa que marcou o início de um animado movimento literário que nos anos seguintes espalharia a “febre” do trovismo Brasil afora, com repercussão imediata em Portugal.
     Luiz Otávio, a quem fui apresentado pelo também trovador Delmar Barrão, “intimou-me” a aderir àquele movimento. Expliquei que minha iniciação tinha sido noutro gênero, tentei tirar o corpo fora, porém a argumentação foi irresistível. “Você pode escrever o tipo de poesia que bem entender, disse ele, mas, se quiser ficar conhecido em todo o Brasil, comece a fazer trovas”. Essa conversa ocorreu faz meio século. Comecei. Nunca mais parei. Não fiquei “conhecido em todo o Brasil”, no entanto posso dizer que em todo o Brasil tenho conhecidos, gente muito boa, amigos que, de tão queridos, chamo de irmãos e irmãs.
    
Os festivais fidelenses
     Após um ano em Nova Friburgo, como foi dito em tópico anterior, fui para São Fidélis, cidade vizinha de Campos dos Goytacazes, movimentado centro cultural que eu frequentava com assiduidade. Ali residia um grande amigo, o poeta modernista Edward Rodrigues, e talvez por influência dele voltei ao verso livre. Mas essa recaída não durou muito. Havia também em Campos um animado núcleo de trovadores: Pedro Manhães, Válter Siqueira, Walter Silva, Constantino Gonçalves e outros, com os quais me enturmei, aderindo definitivamente à trova.
      São Fidélis contou sempre com vários grupos dedicados à atividade artístico-literária, entre os quais a Associação Cultural Fidelense, de cuja diretoria fiz parte no período de 1961 a meados de 1963.
     Nessa época, a Associação Cultural atuava em parceria com a seção fidelense do GBT – Grêmio Brasileiro de Trovadores, precursor da atual UBT – União Brasileira de Trovadores. Os participantes das duas entidades eram praticamente os mesmos. Cito alguns: José Teóphilo Machado, Válter Simão, Evando Marinho Salim, Pedro Emílio, Antônio Roberto, Aroldo Ramos, Ary Machado Barcelos, Alberto Peres Cordeiro, José Vicente Carneiro, Vera Lúcia Paixão Rodrigues, Silmar Barcelos Pontes, Haroldo Werneck, Ducila Guerrante Gomes.  
     Da região vizinha, contávamos com a colaboração de Ary de Oliveira, Manoel Baptista, Carolina Baptista (Cambuci), Gamaliel Borges Pinheiro (Itaocara), Jeanette De Cnop (Itaperuna), Osmar Barbosa (Miracema), além dos poetas de Campos, mencionados há pouco.
    Promovemos numerosos eventos de grande repercussão, porém penso que os de maior importância para a história cultural da cidade foram três inesquecíveis festivais de poesia: 1961, 1962 e 1963.
     O I Festival Fidelense de Poesia, realizado no período de 23 a 30 de julho de 1961, teve como paraninfos os poetas J. G. de Araújo Jorge e Luiz Otávio, ambos no auge do seu prestígio.
     O II Festival, de 14 a 22 de julho de 1962, foi o mais animado de todos, incluindo um concurso internacional de trovas, no qual se classificou em primeiro lugar o saudoso Aparício Fernandes, poeta potiguar então residente no Rio de Janeiro.
     O III Festival, em 1963, foi diferente. Fez-se o concurso de trovas em São Fidélis, classificando-se Luiz Otávio em primeiro lugar. Mas a festa de encerramento e premiação realizou-se no Rio de Janeiro, num belo auditório localizado na Cinelândia.
     Com aqueles festivais conseguimos projetar bastante São Fidélis nos meios literários, levando lá um punhado de famosos poetas, entre os quais, além de Luiz Otávio, Aparício e Jota Gê, outros igualmente ilustres, como Geir Campos, José Maria Machado de Araújo, Colbert Rangel Coelho, Zálkind Piatigórsky, Orlando Brito, Alberto Lima, Dalila Maia de Carvalho, Nancy Guahyba Martha, Edgard Barcelos Cerqueira.

De novo em Maringá
     Em julho de 1963, recomeçamos a vida em Maringá. A par das atividades profissionais, continuei aqui o agito literário, tirando proveito da experiência adquirida no estado do Rio e contando, mesmo à distância, com o apoio e o incentivo dos amigos que ganhei Brasil afora. Já havia na cidade um bom grupo de poetas e com frequência nos reuníamos para trocar versos, projetos e ideias: Ary de Lima, Altino Borba, Antônio Mário Manicardi (Nhô Juca), Dari Pereira, Galdino Andrade, Antônio Carlos Braga, Armando Betinardi, Agenir Leonardo Victor, Benedito Moreira de Carvalho, Chico Dantas, Cônego Benedito Vieira Telles, Elidir d’Oliveira, France Luz, Helen Mary de Camargo, João Amaro Faria, João Leonardo, Padre João Novaes, Kester Carrara, Leonor Quarelli, Liana Cláudia Vargas Pinto, Oricena (Dona Cenita) Vargas Pinto, Maria Eliana Palma, Oscar Leandro, Verdelírio Barbosa e outros.
    Em 1965, realizaram-se os I Jogos Florais de Bandeirantes, a primeira grande festa da trova no interior do Paraná, coordenada por Adalberto Dutra de Resende. Formamos uma caravana e fomos lá representando Maringá. Estavam presentes trovadores de vários estados e num dos intervalos da programação nos reunimos com Luiz Otávio para tratar da instalação, em Maringá, de uma seção da UBT – União Brasileira de Trovadores, entidade da qual fui um dos fundadores em âmbito nacional. Luiz Otávio ali mesmo nomeou-me delegado responsável pela implantação do núcleo maringaense. Alguns meses depois, ele veio a Maringá para instalar oficialmente a seção local da UBT, que teve o médico Elidir d’Oliveira como primeiro presidente. O segundo foi Ary de Lima, e o terceiro Dari Pereira, que até hoje permanece no cargo.

Os festivais de Maringá
     Já havíamos promovido, em 1959, um bonito evento literário na cidade, o I Salão de Trovas de Maringá, patrocinado pelo jornal A Tribuna. Trabalhos de 44 autores maringaenses foram expostos no saguão do Cine Maringá, ao lado dos que foram enviados por trovadores de outros estados. Alguns dos poetas locais premiados tornaram-se bastante conhecidos, dentre eles Zaia e Benedito Moreira de Carvalho, Verdelírio Barbosa, João Amaro Faria.
     Mas foi ao sediar quatro grandes Festivais Brasileiros de Trovadores que Maringá mais se projetou nesse campo literário. O primeiro Festival, em 1966, reuniu aqui os mais prestigiados trovadores da época, vindos de vários estados: Amaryllis Schloenbach, Aparício Fernandes, Barreto Coutinho, Carlos Guimarães, Carolina Ramos, Coubert Rangel Coelho, Durval Mendonça, Élton Carvalho, Eno Theodoro Wanke, Iraci do Nascimento e Silva, Jeanette De Cnop, J. G. de Araújo Jorge, José Maria Machado de Araújo, Joubert de Araújo Silva, Leonardo Henke, Luiz Otávio, Magdalena Léa, Maria Nascimento Santos Carvalho, Maria Thereza Cavalheiro, Octávio Babo Filho, Orlando Woczikoski, Rodolpho Abbud, Rubens de Castro, Vera Vargas, Zálkind Piatigorsky. Os três seguintes realizaram-se em 1970, 1972 e 1977.
     O Festival de 1970 marcou-se especialmente por um fato inédito. Um mês antes, fui à Catedral de Maringá solicitar a celebração de uma Missa em ação de graças como ato de abertura do evento. O pároco era o monsenhor Sidney Luiz  Zanettini, que, como bom gaúcho, gostava muito de poesia. Ele pensou um pouco e disse: “E por que não uma Missa em trovas?”. Perguntei: “E pode?”. “Acho que sim, preciso apenas conversar com Dom Jaime”, disse ele. Autorizada a celebração, pedi inspiração a São Francisco de Assis (patrono dos trovadores) e escrevi o texto.
     A Catedral, ainda na antiga igreja de madeira, ficou superlotada, e todos acharam lindo rezar em versos. Os trovadores de outras regiões levaram cópia do folheto para suas cidades, e daí por diante a Missa em trovas passou a compor a programação de numerosas festas de trovadores Brasil afora.
     A arte foi sempre um ótimo veículo de expressão e difusão da fé. E a Missa em trovas é um modo muito bonito de louvar a Deus, o maior de todos os poetas.
     Na festa de 1970, fez também parte do programa uma excursão à cidade de Paranacity, onde era secretário da Prefeitura o saudoso poeta Antônio Tortato e o pároco era o padre Orivaldo Robles. A caravana da trova foi recebida com um memorável churrasco, durante o qual todo mundo declamou alguma coisa, inclusive o padre.
     Maringá sediou ainda dois Congressos Nacionais de Trovadores (1990 e 1992), coordenados por Agenir Leonardo Victor, e posteriormente promoveu três Jogos Florais (2000, 2001 e 2002), coordenados por Eliana Palma, em parceria com o Centro Português. A partir de 2003, sob a liderança da Academia de Letras, e com o apoio da seção local da União Brasileira de Trovadores, têm sido realizados a cada dois anos os Concursos Literários “Cidade de Maringá”, com repercussão internacional.

A primeira coletânea

     Um dos itens do Festival de 1966 foi um concurso estudantil de trovas, com três temas: “pátria”, em que o primeiro lugar coube a Maria Eliana Magalhães da Silva; “juventude”, cujo vencedor foi João Amaro Faria; e “terra”, que teve como vencedor Mamoru Yoshi.
     Foi naquela ocasião que um jovem jornalista, Divanir Braz Palma, teve a ideia de editar a primeira Coletânea dos Poetas de Maringá, fundando para tanto sua primeira empresa, a Editora Rui Barbosa. Pediu-me que o ajudasse na empreitada, como organizador da obra, na qual reunimos duas dezenas de autores. J. G. de Araújo Jorge escreveu o prefácio. O prefeito Luiz de Carvalho fez a apresentação, em versos. Reynaldo Costa desenhou a capa. E a coletânea foi um grande sucesso. Outras duas coletâneas foram editadas mais recentemente pelo prestigiado empresário, ex-deputado e grande incentivador da literatura Divanir Braz Palma, e tudo indica que proximamente outras virão.
     Mas a primeira coletânea propiciou também algo mais: Divanir encantou-se pela jovenzinha Maria Eliana, vencedora do concurso estudantil de trovas e uma das autoras selecionadas para integrar o livro. Começaram a namorar, noivaram, casaram, e namorando continuam ainda hoje, pais de Patrícia e de Gilberto (meu afilhado).          Divanir e Eliana Palma, meus queridos compadres, formam um dos casais mais prestigiados de Maringá. Uniu-os, desde o primeiro flerte, a magia de uns belos versos de amor.

A Academia de Letras

     Quando cheguei a Maringá, em 1955, perguntei ao Zitão: “Tem algum poeta aqui?”. Ele disse: “Tem dois: Ary de Lima e Nhô Juca”. Procurei logo fazer amizade com eles. Depois conheci Dari Pereira, Benedito Moreira de Carvalho e Galdino Andrade. Um dia, encontrando-nos por acaso os seis, Ary brincou: “Está aqui reunida a nossa Academia de Letras”.
     Muitos anos depois, no início de 1997, recebi um telefonema do poeta Galdino Andrade convidando para um almoço com o escritor e ex-deputado Túlio Vargas, então presidente da Academia Paranaense de Letras. Lá estávamos, um grupo de oito ou dez pessoas, para ouvir o Túlio, velho conhecido e amigo de todos nós. Ele veio plantar uma semente, que de imediato produziu fruto. Naquela reunião informal nasceu, dessa vez de verdade, a nossa Academia.
     Durante alguns meses trabalhamos na elaboração do estatuto e do regimento interno, na escolha dos patronos e na composição do quadro inicial de acadêmicos. No dia 7 de setembro daquele mesmo ano, em reunião realizada na Biblioteca Municipal, declarou-se fundada a Academia de Letras de Maringá. E no dia 22 de maio de 1998, numa inesquecível solenidade realizada no auditório Hélio Moreira, do Paço Municipal, fez-se a instalação festiva da Academia. Na ocasião, diante do escritor Túlio Vargas, de autoridades locais e de numeroso público, tomaram posse oficialmente os 40 acadêmicos fundadores.
    Galdino Andrade foi o primeiro presidente, o segundo foi Antônio Facci, Olga Agulhon foi a terceira, com Jeanette Monteiro De Cnop como vice-presidente e Maria Eliana Palma como secretária geral. O atual presidente é Ademar Schiavone, com Nelson Maimone na vice e Eliana Palma na secretaria geral.

Concursos
     Realizam-se cerca de cinquenta concursos de trovas por ano em todo o Brasil, promovidos pelos diversos núcleos da UBT e por várias outras entidades, sempre com o principal objetivo de estreitar o relacionamento entre os trovadores. Na maioria dos casos, estabelecem-se dois temas, um de âmbito estadual ou regional e outro de âmbito nacional-internacional, abrangendo trovas líricas e filosóficas. Em alguns concursos, há também um tema para trovas humorísticas.
     Cada concorrente participa com um número limitado de trovas, variando de uma a cinco, dependendo do regulamento do torneio. Cada concurso costuma receber de quinhentas a mil trovas. Ao final do prazo estabelecido para a remessa, uma ou mais comissões julgadoras iniciam o processo de avaliação. Dentre as trovas finalistas, são selecionadas as premiadas, em geral de 15 a 30.
     A UBT, por princípio, não promove concursos com prêmio em dinheiro. Os vitoriosos recebem diplomas e troféus ou medalhas, e são convidados a ir à festa de premiação com despesas de transporte por conta própria. Os promotores oferecem apenas hospedagem e refeições. Se um dos vitoriosos, por algum motivo, não pode comparecer à festa, recebe o prêmio por meio de um representante ou pelo correio.
     As festas variam conforme os recursos disponíveis. Em média, duram de dois a três dias, constando de passeios turísticos na cidade-sede, recitais, reuniões de estudo, solenidade de premiação etc.
     A primeira vez em que ganhei um primeiro lugar em âmbito nacional foi nos I Jogos Florais de Corumbá-MS, em 1968, com a trova: “Num tempo em que tanta guerra / enche o mundo de terror, / benditos os que, na Terra, / semeiam versos de amor!”.
     De 1977 a 1997, exatos 20 anos, não participei desses torneios. Foi, para mim, um período de atividade profissional muito intensa, faltando tempo e cabeça fresca para brincar de poeta. Quem me reintroduziu no trovismo foi um amigo muito querido, o saudoso poeta Newton Meyer, de Pouso Alegre-MG. Num domingo de 1997, ele conversou comigo pelo telefone durante quase uma hora, e acabou reavivando aquela chama que andava apagada. Foi muito bom, porque eu estava recém-aposentado e precisava mesmo de algo desse gênero para manter ativa a mente. Voltei a participar dos concursos e dos encontros de trovadores, e isso até me ajuda a esquecer de que, com o rolar dos anos, a gente vai envelhecendo. 
     O mais importante benefício proporcionado pelos concursos, além do estreitamento de amizades, é o incentivo para a produção de novas trovas. Mas é claro que estar entre os vencedores de um torneio é também enorme alegria. Um prêmio especialmente significativo é, por exemplo, o “Troféu Lilinha Fernandes”, oferecido anualmente pela UBT Porto Alegre ao trovador mais premiado em todo o Brasil no ano anterior. Já tive a boa sorte de ganhar esse belo presente três vezes: em 2003 (empatando com o com o mestre Izo Goldman), em 2006 e em 2010.
     Todavia, ganhar troféus e medalhas não quer dizer que alguém seja melhor do que os demais. Há no Brasil, em Portugal e em numerosos países de língua espanhola centenas de excelentes trovadores. Nunca se deve, portanto, pensar ou dizer que fulano ou beltrano é “o melhor”. No máximo, poder-se-ia falar em “os melhores”, sabendo porém que esses “os melhores” são muitos, mais de cem, talvez mais de duzentos... E todos eles empenhados não em exibir premiações, mas em criar versos de boa qualidade e dessa forma contribuir para melhorar um pouquinho o mundo em que vivemos.

Os amigos
     Num relatao como este, em que recordo fatos marcantes de minha vida, é natural que recebam especial destaque os ótimos amigos que Deus me deu. De muitos falei nos itens anteriores, no entanto há centenas de outros igualmente fundamentais. Estou consciente do risco de esquecer muita gente querida, visto que com o tempo a memória vai perdendo viço, mas faço questão de citar pelo menos os mais íntimos.

Amigos sobrinhos
     Meus primeiros grandes amigos, além dos irmãos, foram os sobrinhos. Alguns mais velhos do que eu: Orlando, Décio, Antoninho, Maria Leonor, Celme, Therezinha. Outros mais ou menos da mesma idade: Magali, Paulo Fernando (Paulinho), Ignez, Lolozinha, Thereza, José Augusto (do Monclar). E outros mais novos: Lúcia, Geli, Lourdinha, Chiquinho, José Augusto (do Chico), Luiz Gonzaga, Antônio Francisco, Dorinha, Margarida, Maria Helena, José Mário, Luiz Carlos, Pedro Eduardo, Marcos, Bernadeth, Fidélis, Gomes Augusto, Maria Ângela, Érika e Manuella. Poderia acrescentar os sobrinhos-netos e os primos, porém são tantos que aqui não caberia a lista.
     Alguns da família nasceram com especial pendor para as letras. Além do meu avô José Garibadi e de minha mãe Angelita, destaco os manos Gomes de Assis, estudioso de literatura e dono de ótimo texto, e o caçula Paulo Ângelo, integrante e ex-presidente da Academia Fidelense de Letras. Destaco também três sobrinhas que desde meninas revelaram forte talento literário: Ignez Maria de Assis Silva (já no céu), Maria Helena Pinho de Assis, Maria Bernadeth Abreu Marques, e uma sobrinha “emprestada”, Cecy Fernandes de Assis, casada com Luiz Carlos Pinho de Assis, autora de belíssimos livros de poesia e prosa e de um precioso Dicionário Guarani-Português.

Amigos de infância
     De infância, de adolescência e de boa parte da juventude – aqueles com os quais partilhei os primeiros capítulos da vida ao som das águas do rio Paraíba e em meio às montanhas que emolduram nossa charmosa São Fidélis, apelidada Cidade Poema.
     Citarei os que forem brotando da saudade, em maioria contemporâneos do ginásio: Humberto Helmo, Edinho de Pureza, Aroldo Ramos, Ricardinho Maia, Alael, Badé, Adib e Chaim, Maury Simão, José Rifan e Rifanzinho, Cicide, Márcio Aversa, Paulo Klinger, Jorge Name, Amílcar, Francisco Navega, Carlinhos Willeman, Dimar e Jomar Azevedo, Armando Calomeni, Chico Amaral, Aracy Ribeiro, Marinho Alexandre, Paulinho Santos, Gil e Marreca, Vlando, Milton e Wanderley Malafaia, Gwayer Borges, Euclimar, Adelino, Onofre, Bezinho e Gelbes Santarém, Jair Baiano.

Amigos-família

No princípio eu em Maringá era um. Em 1958 fui ao estado do Rio casar com Lucilla, e os dois demos início à formação de uma nova família
Nasceram nossas duas filhas, Maria Ângela e Maria Paula, e nos tornamos quatro.
Depois veio morar conosco minha cunhada Augusta, e nos tornamos cinco.
Maria Ângela se casou com Marcos Miguel, e deles nasceram nossos três primeiros netos: Luís Filipe, que se casou com Marina; Maria Isabel, que é noiva do João André; e João Marcos, que namora Larissa.
Maria Paula casou-se com Daniel Belmon, e nos deram mais dois netos: Davi José e Ana Clara Maria.
Com o genro Marcos, ganhamos toda a família dele: Mivaldo e Ana, Marise e Paulo, Cristina e Waldyr, Serginho e Marina, mais os filhos deles e demais parentes.
Com Daniel, ganhamos também a família dele: Herbert e Mabel, Stella e Gil, Mírian, e os filhos e demais parentes deles.
Hoje, nos eventos em que a família se reúne e nos abraçamos para rezar o Pai Nosso, damos graças a Deus por ver que o nosso clãzinho formado em Maringá já conta com quase 50 pessoas.

Amigos de Rotary
    
Ingressei no Rotary Club de Maringá em 1967; depois mudei para o RC Maringá Aeroporto, onde até hoje estou, agora como veterano.
     Em Rotary a gente faz um amplo círculo de amizades, seguindo uma das finalidades da instituição, que é o companheirismo. Decerto que não conseguirei enumerar todos os meus amigos rotarianos. Mencionarei os que, por motivos diversos, tornaram-se mais íntimos ao longo de todos esses anos.
     Do primeiro clube, que congregava a geração pioneira da cidade, destaco Emílio e Guido Germani, Edson Cantadori, Éder Nonino, Afonso Celso Seara, Vanor Henriques, Vicente Soares, Joaquim Dutra, Adriano Valente, Mário Peixoto, Ivaldo Borges Horta, Hiran Castilho, Newman da Silva Gomes, Alfredo Maluf, Francisco Feio Ribeiro, Ricarte de Freitas, José Plínio Silva, Hélenton Borba Corte, Odwaldo Bueno Neto, Heitor Bolela, Alfredo Zamponi, Willian Casteleins, Flávio e Galileu Pasquinelli, Fanor Marinho de Castro, Romildo Pinheiro, Otávio Dias Chaves, Ubirajara Pismel, Nelson Moribe, Adão de Oliveira, João Batista Sanches, Homero Arruda, Antonio Mestriner, João de Oliveira.
     Meu clube atual, o Rotary Maringá Aeroporto, é o maior do Distrito 4630, por isso a lista é longa: Adenilson Cruz, Adhemar Anselmo, Alaor Teodoro, Almir Limana, Anderson Lopes, Antonio Calderelli, Antônio Cândido Soares, Antônio Nunes, Antonio Grassano Neto, Benivaldo Ramos Ferreira, Carlos Fontes, Carlos Eduardo Buchweitz, Cassiano Neves, Celso Takaki (pai e filho), Claudemir Villela, Cláudio Ferdinandi, Cláudio Mukai, Dionízio Cararo, Dorival Moreschi Júnior, Edson Ferreira Santos, Emerson Sanches, Evandro de Castro, Fábio Tokunaga, Fortunato Ribeiro, Francisco Herrero, Gilmar Ferdinandi, Hamilton Kawakami, Hélio Nardi, Jaime Frederico Júnior, Jefersom Calderelli, Jorge do Prado, Jorge Nakashima, Jorge Toyofuku, José Manoel Hernandes, José Octávio Ferreira, José Rubens Abrão, Leandro Depieri, Leonel Leite Neto, Lucheo Tombini, Luiz Alberto Araújo, Marco Antonio Cavalcanti, Marco Antonio Dutra, Mário Kopp, Mário Andregheti, Mauro Superti, Miguel Romeiro, Moacir Ferro, Nelson Barbosa, Nilson Didoni, Nilson Freire, Noel Ferreira, Osvaldo Moço, Paulo Roberto Cury, Paulo Badan (pai e filho), Paulo Sérgio Ferreira, Peter Elshof, Reginaldo Nunes Ferreira, Regynaldo de Souza, Renato Tavares, Ricardo Botter, Roberto Nave, Roberto Otani, Said Daher, Sérgio Galhardi, Sérgio Valério, Urbano Buchweitz, Victor Hugo dos Passos, Waldemar Consulim, Wanderson de Souza. 

Amigos de Igreja
   
 Em todos os lugares do mundo, a comunidade de fé foi sempre um ótimo lugar para fazer bons amigos. Isso acontece em todas as religiões. Sou católico, e desde criança participei das atividades de minha igreja. Fui coroinha, congregado mariano, integrante do movimento de cursilhos, e com isso, graças a Deus, fiz um número tão grande de amigos que não consigo enumerá-los.
     Começo pelos padres. O primeiro com quem convivi foi meu primo monsenhor Augusto José de Assis Maia, que durante muitos anos foi pároco em São Fidélis. O segundo foi outro primo, padre Paulo Maia, hoje com mais de 80 anos porém ainda na ativa.
     Em Maringá, tive a felicidade de conhecer Dom Jaime Luiz Coelho já no dia em que ele aqui chegou para assumir o governo da diocese, 24 de março de 1957. Gosto demais de Dom Jaime, devo-lhe muito, e tenho certeza de que ocupo um lugarzinho especial em seu generoso coração de pastor.
     Aprendi também a ter na conta de irmãos numerosos padres de nossa arquidiocese: Telles, Zanetini, Fritz, Schneider, Orivaldo, Almeida, Julinho, Bernardo, Jezu Flor, Zezinho, Chiquinho, Lauria, Vicente (hoje Dom Vicente Costa, bispo de Jundiaí). E queridíssimos religiosos e religiosas: Irmão Vidal, Irmão Carlos, Irmão Pedrão, Irmã Vincenza, Irmã Salomé, Madre Firmina, Madre Mônica, Irmã Gonzaga, Irmã Maria, Irmã Virma, Irmã Dolores, Irmã Maria de Fátima.  
    Durante cerca de 30 anos colaboramos, Lucilla e eu, nos trabalhos do movimento de cursilhos e nos encontros de preparação de noivos. Guardo gratíssimas lembranças daqueles bons tempos e dos valorosos companheiros de apostolado. Cito alguns, em homenagem a todos os demais: Atair e Cláudia Niero, Sérgio e Magali Dovenis, Neumar e Maglory Godoy, Joaquim e Filomena Agostinho, Aníbal e Elza Verri, Bolívar e Geralda, Rubens e Maria Célia Weffort, Wilson e Odila Surita, Edson e Maria Helena Cantadori, Paulinho e Marilin Tupã, Shinitiro e Paulete Shima, Joaquim e Rosa Fernandes da Costa. E ainda: João Fráguas, Valério, Mário Ferraz, Irivaldo de Souza, Luiz Bolota, Said Jacó, José Andrade, João Olivo, Alfredo Beltrame, Geraldo Borges, José Plínio, Ermelindo Bolfer, João Batista Leonardo, João Preto, José Osvaldo, Ângelo, Bifon, Alcides, Edmundo, Canarinho, Arnoldo, Damião, Mineirinho, Miranda.

Amigos poetas
   
 Aquilo que o mestre Luiz Otávio me disse há meio século é verdadeiro: a trova realmente faz a gente se fazer conhecido de muita gente. Hoje tenho não só conhecidos, mas amigos-irmãos de Porto Alegre a Belém do Pará, e até mesmo em Portugal e em diversos países de língua espanhola. Tenho também excelentes amigos haicaístas, sonetistas, poetas modernistas, porém os mais numerosos são os da grande “tribo” dos trovadores. Por ser impossível relacionar aqui todos eles, citarei aqueles com os quais mantenho contato mais frequente, em múltiplos encontros de estudo ou de festa  e principalmente via internet.

     Do Rio Grande do Sul: Alice Brandão, Carmem Pio, Clênio Borges, Dalvina Ebling, Delcy Canalles, Doralice Gomes da Rosa, Egiselda Chorão, Flávio Stefani, Gerson César Souza, Lacy José Raymundi, Lisete Johnson, Luiz Damo, Marisa Olivaes, Milton Sebastião de Souza, Olga Ferreira, Wilma Cavalheiro.
  
     De Santa Catarina: Ari Santos de Campos, Efigênia Coutinho, Eliana Ruiz Jimenez, Glédis Tissot, Gislaine Canales, Jorge Crestani, Mafalda Novelo Góes, Marah Guedes de Souza, Maria Luíza Walendowsky, Miguel Malty.
  
     Do Paraná: além dos maringaenses (já citados), destaco os residentes em outras cidades paranaenses: Adélia Woellner, Adilson de Paula, Andréa Motta, Ângelo Batista, Apollo Taborda França, Cidinha Frigeri, Cyroba Ritzmann, Déspina Perusso, Dinair Leite, Fernando Vasconcelos, Hélio de Castro, Istela Marina, Janete de Azevedo Guerra, José Feldman, José Marins, Júlio Gómez, Lairton de Andrade, Karla Bitencourt, Lourdes Porciúncula, Lucília Decarli, Luiz Hélio Friedrich, Maria da Conceição Fagundes, Maria Granzoto, Maria Helena Costa, Maria Helena Cristóvo, Maria Lúcia Daloce, Maria Istinglin Araújo, Maria Kalil Zampon, Marlene Wiederman, Maurício Friedrich, Maurício Leonardo, Nei Garcez, Neide Rocha Portugal, Orlando Woczikosky, Renato Frata, Rose Mari Assumpção, Roza de Oliveira, Sinclair Casemiro, Sônia Ditzel Martelo, Valter Toledo, Vanda Alves da Silva, Vanda Fagundes Queiroz, Vânia Souza Ennes, Vidal Idony Stockler, Walneide Fagundes Guedes, Wanda Rossi de Carvalho, Wandira Fagundes Queiroz.
 
Do estado de São Paulo: Adélia Victória Ferreira, Amaryllis Schloenbach, Amilton Maciel Monteiro, Angélica Villela Santos, Antônio de Oliveira, Antônio Valentin Ruffato, Campos Salles, Carolina Ramos, Cidoca da Silva, Cláudio de Cápua, Darly Barros, Divenei Boseli, Domitilla Borges Beltrame, Dorothy Jansson Moretti, Edna Ferracini, Élbea Priscila, Eliana Dagmar, Ercy Marques de Faria, Gasparini Filho, Héron Patrício, Izo Goldman, Jaime Pina da Silveira, João Batista Xavier, João Paulo Ouverney, Josafá Sobreira da Silva, José Ouverney, José Roberto de Souza, José Valdez de Castro Moura, Laérson Quaresma, Lóla Prata, Luiz Antônio Cardoso, Maria Ignez Pereira, Maria Inez (Mifori), Maria Thereza Cavalheiro, Marilúcia Rezende, Marina Bruna, Marina Valente, Marta Maria Paes de Barros, Maurício Cavalheiro, Nélio Bessant, Neiva Pavesi, Nilton Manoel, Oefe de Souza, Pedro Mello, Pedro Ornellas, Renata Paccola, Sebas Sundfeld, Selma Patti Spinelli, Sérgio Ferreira da Silva, Thalma Tavares, Therezinha Dieguez Brisolla, Yedda Patrício Maia, Zaé Júnior.

     Do estado do Rio de Janeiro: Adilson Maia, Agostinho Rodrigues, Alba Helena Correa, Almerinda Liporage (Tita), Almir Pinto de Azevedo, Ângela Stefanelli, Antônio Manoel de Abreu Sardenberg, Antônio Seixas, Benedita Azevedo, Clenir Neves Ribeiro, Cyrléa Neves, Denise Cataldi, Diamantino Ferreira, Dilva Moraes, Dirce Montechiari, Djalda Winter dos Santos, Edmar Japiassú Maia, Elisabeth Souza Cruz, Élen Félix, Evando Marinho Salim, Evandro Sarmento, Fátima Panisset, Fernando Cruz, Hermoclydes Franco, Gilvan Carneiro, Ivo dos Santos Castro, Jessé Fernandes do Nascimento, J.J. Germano, Joana D’Arc da Veiga, João Costa, João Freire Filho, Josafá Sobreira da Silva, Joaquim Carlos, Kleber Leite, Lena de Jesus Ponte, Lúcia Sertã, Luiz Antônio Pimentel, Maria Lua, Maria Madalena Ferreira, Maria Nascimento, Neide Barros Rego, Neiva Fernandes, Nilci Guimarães, Otávio Venturelli, Regina Célia de Andrade, Regina Coelis, Renato Alves, Rita Bello, Rodolpho Abbud, Ruth Farah, Sandro Rebel, Sávio Soares de Sousa, Sérgio Bernardo, Sérgio Ferraz, Severino Beló, Sônia Sobreira da Silva, Therezina Zanoni Ferreira, Wanderlino Teixeira Leite Netto, Wilson Montemor.

     Do Espírito Santo: Clério Borges, Humberto Del Maestro.
    
     De Minas Gerais: Alfredo de Castro, Arlindo Tadeu Hagen, Benedito Madeira, Célia Guimarães Santana, Célia Lamounier, Célia Rodrigues, Clevane Pessoa, Conceição Abritta, Conceição de Assis, Déa Miranda, Eduardo A. O. Toledo, Hegel Pontes, Heloísa Zanconato, Ida Dutra Sacramento, Ivone Taglialegna Prado, José Antônio de Freitas, José Fabiano, José Messias Braz, José Tavares de Lima, José Victor de Paiva, Jupyra Vasconcelos, Leda Maria Bechara, Luiz Carlos Abritta, Neusa Mattar, Newton Vieira, Olympio Coutinho, Relva do Egipto, Roberto Resende Vilela, Sílvia Motta, Thereza Costa Val, Wagner Lopes, Wanda Mourthé, Zeni de Barros Lana. 
     Do Norte e Nordeste: Ademar Macedo, Aloísio Bezerra, Alonso Rocha, Antônio Juraci Siqueira, Deusdedit Rocha, Djalma Mota, Fernando Câncio de Araújo, Francisco Garcia, Francisco José Pessoa, Francisco Macedo, Geraldo Lyra, Gutemberg Liberato de Andrade, Haroldo Lira, Jair Figueiredo, Ieda Lima, Joamir Medeiros, José Lucas de Barros, Orlando Brito, Reinaldo Aguiar, Sarah Rodrigues.

   Da UBT Céu: com enorme saudade, quero também prestar carinhosa homenagem aos queridos amigos-irmãos trovadores que hoje estão no eterno parnaso gorjeando em coro com o nosso patrono São Francisco de Assis: Adalberto Dutra de Resende, Adelir Machado, Adelmar Tavares, A. Isaías Ramires, Albertina Moreira Pedro, Alberto Bastos, Alberto Lima, Aloísio Chaves de Moura, Amélia Tomás, Anis Murad, Antônio Bispo, Antônio Carlos Furtado, Antônio Roberto Fernandes, Aparício Fernandes, Archimimo Lapagesse, Aristeu Bulhões, Ary de Oliveira,  Augusta Campos, Aurolina Araújo, Barreto Coutinho, Batista Nunes, Carlos Guimarães, Carolina Azevedo Castro, Cecim Calixto, Padre Celso de Carvalho, Colbert Rangel Coelho, Dalmir Penna, Delmar Barrão, Durval Mendonça, Edgard Barcellos Cerqueira, Edimilson Ferreira Macedo, Élton Carvalho, Eno Theodoro Wanke, Eugênio Maria Rodrigues, Florestan Japiassú Maia, Francisco Luzia Neto, Gamaliel Borges Pinheiro, Haroldo de Castro, Heitor Stockler, Helena Ferraz, Hélio C. Teixeira, Henrique Aragão, Jacy Pacheco, Irene Canalles, Jesy Barbosa, J. G. de Araújo Jorge, João Rangel Coelho, Jorge Beltrão, Jorge Murad, José Carlos Lery Guimarães, José Maria Machado de Araújo, Joubert de Araújo Silva, Latour Arueira, Lavínio Gomes de Almeida, Leonardo Henke, Lilinha Fernandes, Lourdes Povoa Bley, Lourdes Strozzi, Lúcia Lobo Fadigas, Lucy Sother da Rocha,  Luís Alves Costa, Luiz Otávio, Lyad de Almeida, Marisol, M. de Araújo Peres, Magdalena Léa, Miguel Russowsky, Mílton Nunes Loureiro, Nei Damasceno, Newton Meyer, Nydia Iaggi Martins, Octávio Babo Filho, Onildo de Campos, Oscar Batista, Osmar Barbosa, P. de Petrus, Pedro Manhães, Rodrigo Crespo, Rubens de Castro,  Ulisses de Carvalho Júnior, Vasco de Castro Lima, Vasco José Taborda, Vera Bastos Braz, Vera Vargas, Waldir Neves, Walter Siqueira, Walter Waeny, Zálkind Piatigórsky.    



ANIVERSÁRIO DE 80 ANOS - 07/04/2013

 
25 anos

80 anos