quarta-feira, 8 de abril de 2020

A Cantina do Zitão


A Cantina do Zitão
A. A. de Assis



Na Maringá dos anos 1950, havia aqui muitos solteiros, vindos de diferentes origens, todos movidos pela esperança de crescer junto com a jovem e promissora cidade. Eram rapazes em início de carreira, que ouviram falar das novas terras do norte do Paraná e tiveram peito e coragem para enfrentar o desconhecido. Poucas eram as famílias que vieram completas, ou seja, pai, mãe e filhos. Em maioria, os primeiros habitantes da cidade vieram sozinhos, sem nenhum parente por perto, nem mesmo algum conhecido. 
Entrei nesse cenário em janeiro de 1955, com 21 anos de idade. Por sorte, já na primeira semana enturmei com um grupo de solteiros comensais da Cantina do Zitão, que descobri por acaso. O dono (Zitão), João Antônio Correia Júnior, iria projetar-se mais tarde como jornalista e escritor. A gente fazia as refeições na cantina como mensalistas e nos tornamos uma bela família. Foi lá que conheci meus primeiros amigos maringaenses, entre os quais José Hiran Sallé, Luiz Cossich, Mário e Fernando Ferraz, Bruno e João Preis, Márcio Vieira, Vicente José Ribeiro, Rodolfo Purpur, Osvaldo e Olinto Shimith, Arnaldo Vilhena, Caiçara e, entre tantos outros, o queridíssimo professor Aniceto Matti. Até hoje me lembro de um pito que o bom maestro me passou ao me ver comendo macarrão misturado com feijão. Para um italiano, essa mistura é simplesmente chocante.
Por morar vizinho da loja Rodolpho Bernardi, fiz logo amizade também com os que lá trabalhavam, entre eles, além do Dirceu e do Dirley, dois outros a quem passei a dedicar benquerer de irmão: Adhemar Schiavone e João Amaro Faria. 
A partir daí foi fácil ampliar o círculo de companheirismo. Fiz-me associado do Aero Clube e do Grêmio dos Comerciários, onde todo mundo virava logo íntimo de todo mundo. Entre os mais próximos, cito, por exemplo, Éder Luiz Nonino, Afonso Celso Seara, Pedro Granado, Carlos Borges, José Aniceto, Antonio Mário Manicardi (Nhô Juca), George Khouri, Divanir Braz Palma, Túlio Vargas, Edgar Osterroht, Reynaldo Costa, Edgar e Aristides Taboranski, Henrique e Wandeir Ortêncio, Dionísio Soriano, Atair Niero, Urbano Buchweitz, Benivaldo Ramos Ferreira, Vanorzinho, Éder Gonçalves, Farid Cúri, Ademaro Barreiros, Miguel Persi, Wilson Pulzatto, Luís Carlos Borba, Verdelírio Barbosa, Frank Silva, Benedito Moreira de Carvalho, José Sanches Filho, Chico Dantas, Galdino Andrade, José Guimarães, Waldemar Alegretti, Laércio Nickel Ferreira, Valdevino do Bancial, Elidir d’Oliveira, Rolimberg da Silva, Wanderley de Almeida César, Jaime Ribeiro, Zezé Machado, Renato Rua de Almeida, Marinho Carnelossi, José Dutra, Calil Haddad, Armando Bettinardi, Antenor Sanches, José Manoel Ribeiro... 
Os leitores que não viveram aqueles bons tempos talvez não entendam o que significa para nós, da geração pioneira, passar em revista essas lembranças. Quem tiver avós ainda vivos converse com eles. Decerto contarão muitas outras boas histórias do comecinho de Maringá.

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