O Rotary que nasceu na chuva
A. A. de Assis
Junho, 16 – 1952. A caravana de Londrina saiu de lá no meio da tarde. O início da reunião em Maringá estava previsto para as 20 horas. Muita emoção aqui. Afinal era provavelmente a primeira vez, em todo o mundo, em que se fundava um Rotary Club numa cidade que tinha apenas 5 anos, e onde nem luz elétrica havia ainda.
Para a cerimônia histórica, o cinematográfico restaurante Lord Lovat, do Dr. Hebert Meyer, na Avenida Tiradentes, recebera decoração ultra-no-capricho. Pratos e talheres importados. Cardápio finíssimo. Garçons em seus melhores trajes. Os primeiros rotarianos maringaenses, seus familiares e convidados, lá esperando a delegação do clube-padrinho, o RC Londrina. Todo mundo nos trinques. Porém chovia, chovia muito, e era inverno. .
Nervosismo geral. Já eram quase 21 horas e nada de chegarem os companheiros londrinenses. Pensaram até em cancelar a festa. Mas, puxa, seria uma pena. Melhor esperar. Decerto estavam enfrentando dificuldade na estrada. Só um pequeno trecho tinha asfalto, o restante era chãozão mesmo – atolento e escorreguento. E embaixo daquela chuvarada, imagine a loucura que era. Para complicar, não havia telefone para mandar notícia.
Resumo da ópera. A caravana, liderada pelo governador distrital de RI, Anísio Figueiredo, e pelo rotariano Aristides de Mello, gerente da Companhia Melhoramentos em Londrina, chegou já eram mais de 23 horas. Todos cansados e respingados de barro, mas tudo bem: ali estavam, prontos para solenemente declarar instalado o Rotary Club de Maringá.
Rotary é uma instituição constituída por pessoas que exercem liderança em seus respectivos campos de trabalho e que se dispõem a prestar serviços voluntários à comunidade. Em Maringá não foi difícil escolher os primeiros rotarianos, visto que a cidade foi criada por um punhado de líderes naturais. Somente pessoas muito fortes e determinadas teriam arrojo suficiente para no meio da mata levantar uma parruda metrópole como a nossa.
Vejam a lista dos sócios fundadores do Rotary Club de Maringá – todos gente de muita garra: Alfredo Maluf, Álvaro Fernandes, Ângelo Planas, Aníbal Bianchini da Rocha, Antero Chaves dos Santos, Antônio Barbato, Esmeraldo Leandro, Francisco Costa, Heitor Dutra, Hellenton Borba Cortes, Herbert Meyer, Inocente Villanova Júnior, Isidoro Luiz, João Alfredo Menezes, João Borba, João Cunha, José Gerardo Braga, Manoel Rodrigues dos Santos, Manoel Mesquita, Manuel Ribeiro, Mário Clapier Urbinatti, Napoleão Moreira da Silva, Nelson Pazzanese, Néo Alves Martins, Nori Camargo, Odwaldo Bueno Neto, Paulo Afonso Mesquita Sampaio, Pedro Arinos da Cunha, Rubens Pazzanese, Samuel Silveira, Sylvio Bonoldi, Victor Newber, Waldemar Gomes da Cunha, Wladimir Babkov.
Tudo em Maringá foi sempre assim. Uma cidade que nasceu para ser grande e que nunca teve medo de dar passos largos. Se hoje é o que é, decerto deve muito à alta qualidade dos pioneiros que para aqui vieram. A todos eles, um abraço do tamanho de sua ousadia.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 21-4-2021)
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