quinta-feira, 14 de julho de 2022

PADRE ALMEIDA

 PADRE ALMEIDA


A. A. de Assis


Vieram uns anjos, levaram Toninho e o colocaram sorrindo no colo de Deus. Maringá acordou chorando de saudade na terça-feira, 12 de julho. Despedia-se de nós uma das pessoas mais queridas com as quais tivemos o privilégio de conviver.

     Conheci-o bem mocinho, quando ele era ainda seminarista. Acostumei-me a chamá-lo de Toninho, acho que por um motivo simples: ele tinha jeito de Toninho, depois conhecido como Padre Almeida. Nos momentos solenes, Monsenhor Antônio de Pádua Almeida.    

     Nasceu paulista em Caconde (29.11.1942). Desde menino sentiu forte vocação para o sacerdócio. Veio para Maringá a convite de Dom Jaime Luiz Coelho, que o encaminhou para o seminário em Curitiba. Em 1966 tive a alegria de estar presente na cerimônia em que ele foi ordenado por Dom Jaime, na antiga catedral de madeira, ao lado do seu inseparável colega-amigo-irmão Ori (Monsenhor Orivaldo Robles).

     Toninho e Ori ficaram logo conhecidos como “os padres jovens da arquidiocese”, liderando um notável trabalho de animação apostólica junto a uma valorosa geração que marcou época na história da Igreja local. Centenas de rapazes e moças passaram pelos encontros de formação promovidos pelos dois durante vários anos.

     Orivaldo foi para a Casa do Pai em 2019. Almeida foi agora. Lá em cima devem ter feito uma bela festa pelo reencontro.

     Toninho foi uma das pessoas mais preparadas e inteligentes que conheci. Além do seminário, fez vários cursos de especialização no exterior e era um estudioso incansável. Com a sua fala serena, conseguia explicar questões complicadas com extraordinária clareza. Suas homilias valiam sempre como verdadeiras aulas.   

     Num verão dos anos 1970 ele passou uma semana com a nossa família em Balneário Camboriú. Naqueles dias conversamos bastante – uma conversa inesquecível. Para mim, foi como um precioso minicurso de cristianismo. Aprendi também muito com ele e com o bom Ori nas diversas vezes em que estivemos juntos nos Cursilhos e em outros serviços de Igreja. Deixaram uma saudade enorme.

     Para a arquidiocese o Padre Almeida foi um sacerdote extremamente importante. Não só como titular de diversas paróquias, mas também como primeiro coordenador da Pastoral Arquidiocesana e responsável por numerosas outras atividades eclesiais.

     Deus o escalou para ser padre em Maringá num momento em que a geração pioneira estava ainda fincando os alicerces da cidade. Coube-lhe, ao lado dos nossos primeiros sacerdotes, religiosos, religiosas e outros agentes pastorais, ajudar Dom Jaime a lançar aqui as primeiras sementes da fé católica.

     Muito obrigado, Toninho. Dê aí no céu um forte abraço no nosso querido Ori.

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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 14-7-2022)

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