quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Vanor, um homem bom

Vanor, um homem bom

A. A. de Assis



Na terceira eleição municipal de Maringá, João Paulino Vieira Filho e Vanor Henriques disputaram voto a voto a prefeitura. João Paulino venceu e foi, por duas vezes, um ótimo prefeito. Mas se Vanor tivesse sido o vitorioso teria sido um prefeito ótimo também. Porque era ótima pessoa. Aliás uma das melhores pessoas que conheci. 

Mineiro de Cataguases, Vanor tornou-se paranaense em 1929, em Cambará, onde foi comerciante, correspondente do Banco do Brasil, vereador, jogador de futebol e um dos fundadores da Santa Casa e da primeira sociedade agrícola do norte do estado.

Em 1952, pediu a Dona Itália que arrumasse as malas e trouxe a família para Maringá. Aqui formou lavouras, criou gado, montou uma grande serraria, forneceu madeira para a construção de milhares das primeiras casas da cidade então recém-nascida. 

Em 1960, por insistência de amigos, aceitou candidatar-se a prefeito. Quase ganhou. Mas não quis mais saber de candidatura. Dizia que uma de suas grandes alegrias foi haver passado pela política sem perder nenhum amigo. Mesmo aqueles que foram seus adversários na campanha continuaram a lhe querer bem. JP chegou a comentar: “É impossível não gostar de um homem como esse, tão correto e dono de tão generoso coração”.

Vitorioso como fazendeiro e industrial, Vanor passou a dedicar-se a trabalhos sociais voluntários. Foi um dos fundadores do Rotary Maringá, do Maringá Clube, do Clube Hípico e de outras associações. Mas foi como rotariano que ele ajudou a criar uma das instituições mais queridas da cidade – o Lar dos Velhinhos, tendo a seu lado uma comissão de megapioneiros, entre os quais Emílio Germani, Alfredo Maluf e Francisco Feio Ribeiro.

Em 1961, com amplo apoio da comunidade local, foi iniciada a construção da primeira ala da obra, concluída em 1963. Dois anos após, o Rotary propôs entregar a administração à diocese. Dom Jaime Luiz Coelho entrou em contato com as Irmãzinhas da Imaculada Conceição e as convidou para assumirem a casa. No dia 8 de maio de 1966 o Lar foi inaugurado e oficialmente doado à Congregação fundada por Santa Paulina.

A direção foi entregue a uma pessoa maravilhosa, Madre Firmina. Vibrante e simpaticíssima, logo de início ela conquistou Maringá e com isso conseguiu aos poucos transformar uma casa inicialmente modesta em um grande lar de amor e solidariedade. Sempre com a preciosa ajuda de um grupo de abnegadas voluntárias e contando com a exemplar generosidade da população.

Hoje o Lar dos Velhinhos é uma unidade de serviço da Rede Santa Paulina e oferece atendimento integral na área da assistência social, atividades físicas e culturais, recreação e lazer, proporcionando convivência familiar e comunitária a dezenas de idosos.

Obrigado, Vanor, por todas as suas boas obras. Você foi realmente um homem bom.

=======================================

Crônica publicada no Jornal do Povo – 22-10-2020

Nenhum comentário: